6.10.16

O referendo húngaro

Por C. Barroco Esperança
O perigo vem do Leste, e o extremismo de direita já percorre toda a Europa.
 Desde que a retórica nacionalista de Víktor Orbán começou a acusar todos os refugiados como potenciais terroristas e deu início à construção de muros, na Hungria, nunca mais deixou de crescer a onda xenófoba que criou, no Leste europeu, uma perigosa aliança ultraconservadora e eurocética num bloco comum.
 Na Polónia, o ultranacionalista Jaroslaw Kaczynski, do partido Lei e Justiça, acusou os refugiados de serem portadores de parasitas transmissores de doenças contra as quais eles estavam imunizados nos seus países de origem, mas não os europeus.
 À Polónia e Hungria, juntaram-se a Chéquia e a Eslováquia numa perigosa aliança que nos remete para um passado anterior à última guerra. A Polónia e a Hungria lideram a discriminação que atinge os refugiados e se estende aos ciganos e às minorias sexuais, transmitindo medo e mensagens de ódio.
 Sob o slogan “liberdade, democracia e soberania nacional” irrompeu com virulência, na Hungria e na Polónia, um fundamentalismo cristão xenófobo, que alastra nesta Europa à beira da implosão e incapaz de absorver os refugiados, que já excedem a sua capacidade de acolhimento e integração.+++ 
 Perante a impossibilidade de resolução do problema que nasceu fora da Europa, e a que esta não foi alheia, medram e tomam o poder os partidos herdeiros da ideologia que foi derrotada na II Guerra Mundial.
 Na Dinamarca o primeiro-ministro Lars Løkke Rasmussen deseja implementar a prisão incondicional, durante 14 dias, para todos os mendigos, sem, no entanto, assumir que se destina a refugiados. Na Alemanha, os ultraconservadores recuperam expressões nazis, até há pouco impensáveis, perante o desespero da chanceler Merkel e a aflição de quem não esquece o passado.
 O perigo vem do Leste, mas chegou aos países de tradições democráticas e pergaminhos humanistas. A impossibilidade de solução compromete o asilo de quem dele carece, e as democracias correm perigo perante o avanço da extrema-direita.
 O último desafio à UE foi feito por Orbán com o referendo sobre as quotas de asilados, com uma vaga xenófoba e apelos ao nacionalismo húngaro. Os resultados de domingo não são vinculativos, por terem votado menos de 50% dos eleitores, graças aos partidos que promoveram a abstenção, mas são assustadoramente eloquentes. 
 A Europa encontra-se impotente e num beco, enquanto a extrema-direita regressa sete décadas depois de destroçada pela derrota do nazi-fascismo, partidos que aguardam a desintegração da União Europeia para o assalto ao poder. 
 Ponte Europa / Sorumbático

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2 Comments:

Blogger Oscar Maximo said...

Um referendo que com mais uns tantos sins passa a ter o não vinculativo, só num mundo de malucos.

6 de outubro de 2016 às 19:07  
Blogger opjj said...

Escrever textos de candura é fácil.Opinião todos debitam, mas resolução nenhuma
Perguntas ingénuas:
O tão generoso Sampaio que vai viajando à pala, quantos levou para a sua mansão?António Costa foi pedir mais uns milhares lá para a Grécia, quantos trouxe para o seu largo e vistoso apartamento?
V.Exª que escreve com tanta candura já deu algum contributo? Não cabe mais uns em sua casa?
Isto está cheio de gente boa que se vão servindo do Estado.

7 de outubro de 2016 às 09:46  

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