22.9.16

Crimes sem castigo e castigos sem crime

Por C. Barroco Esperança 
A senhora Merkel soma derrotas, não por boas razões, mas pela má, aquela que deu força aos seus adversários da extrema-direita, que renasce, com a corajosa decisão de acolher refugiados em 2015, perante uma onda de xenofobia que cresce na Europa e no mundo. Há analogias que remetem para as condições que precederam a última Guerra mundial.
 Nos EUA, um Trump a ganhar velocidade, não é um mero epifenómeno americano, é a ameaça que paira nas democracias, o ódio anti-partidário e a demagogia. Imparáveis.
 A Comissão Europeia, cada vez mais satélite do PPE, não suporta que a mais moderada esquerda possa cumprir promessas eleitorais, com a chantagem permanente e o desvelo dos partidos afiliados.
 Em Portugal, não lhe basta a comunicação social, exclusiva de grupos económicos, e o ressentimento da direita que gostaria de ilegalizar o PCP e o BE. Não desiste de os ostracizar e de negar a legitimidade que as urnas lhes conferem, e só vê que “os riscos estão inclinados para a negativa”. Depois do empobrecimento a que o anterior Governo reduziu os portugueses, a CE esforça-se agora por privá-los dos fundos estruturais.
 E vai acusando que a recuperação económica é lenta; a reposição de salários ameaça o cumprimento do défice; a dívida pública e o seu financiamento são preocupantes; o aumento do salário mínimo (de valores irrisórios) coloca “pressão” sobre o emprego; e o crédito de risco, a CGD e o Novo Banco (herança do anterior governo) produzem incertezas na banca nacional.
 Qualquer leigo sabe que o sistema financeiro português continua exposto “a uma série de desafios e riscos”, e que a incompetência e incúria da Troica e do governo autóctone foram incapazes de reverter a crise financeira mundial de 2008, a maior responsável pela situação explosiva que vive o mundo. 
 É altura de nos perguntarmos se, enquanto a extrema-direita não volta a tomar conta dos países e prescinde de eleições, só a direita tem legitimidade para governar, ainda que os mais néscios a liderem em vários países. 
 Ponte Europa / Sorumbático

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3 Comments:

Blogger opjj said...

O governo precisa de dinheiro. Por acaso já comprou alguns biliões para sustentar os prazeres dos seus apaniguados que o querem distribuir?
Afinal os seus que defende são pessoas sem escrúpulos e sem vergonha que aceitaram que a Goldman Sach comprasse 1.440M€ já este ano.É o país que menos produz na Europa por isso só lá vai com os favores da Merkel e outros.

22 de setembro de 2016 às 18:41  
Blogger Ilha da lua said...

Não será também o momento de nos perguntarmos porque razão não conseguimos ainda sair da crise ?Porque razão não há crescimento desde o ano 2000?

23 de setembro de 2016 às 00:04  
Blogger Carlos Esperança said...

Ilha da Lua:

A convicção de que as árvores crescem até ao Céu, ou de que a economia cresce sempre, é a razão do desespero que as recessões e, sobretudo, a depressões, se encarregam de desmentir.

Penso que a falência do comunismo e, agora, do capitalismo, há de trazer um novo paradigma cujos contornos não adivinho.

23 de setembro de 2016 às 22:15  

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