26.8.16

AINDA O CASO DAS VIAGENS PAGAS PELA GALP

Por A. M. Galopim de Carvalho
Porque, para mim, este assunto não está encerrado e porque quero ver no governo de António Costa algo muito diferente, para melhor, do sufoco que foi o anterior de má memória, insisto em manifestar o meu repúdio à solução  “caso encerrado” no que se refere ao escândalo das viagens pagas pela Galp a ilustres membros do governo para assistirem a jogos do Euro 2016, no passado mês, em França.
A minha opinião vale o que vale. É apenas uma entre as muitas que tenho lido e é muito clara. No meu entender a política é um um ramo importante e respeitável das ciências humanas, que se estudam e ensinam nas universidades, da qual não tive escola. No que diz respeito à política partidária, entendo-a como habilidade que visa manipulá-la ao sabor dos interesses, nem sempre confessados, dos grupos que a cultivam ou dela se servem. Nesta convicção nunca por esta me senti atraído nem nela me deixei envolver. E foram vários os convites que tive.  
Foi  como cidadão independente dos aparelhos partidários que, durante a campanha eleitoral das últimas legislativas, me pronunciei publicamente a favor de uma união do PS com os partidos à sua esquerda, que sempre vi como a única possibilidade de pôr fim à política de empobrecimento e de submissão a uma Europa dos mercados e do insaciável mundo do dinheiro, levada a cabo pelo governo PSD-CDS. Foi e é público o meu apoio a António Costa, que conheço pessoalmente há muitos anos e por quem tenho a maior estima, e à solução que com o PCP, o BE e o PEV, inteligentemente, souberam criar e que, como é bem visível, felizmente, funciona.
Não esqueço, pois,  a desastrosa intervenção televisiva de ontem, do ministro Augusto Santos Silva, defendendo o indefensável. Com esta solução de dar o caso por encerrado, o Primeiro Ministro, ao não desautorizar o seu substituto em tempo de férias, chama a si a lamentável decisão, o que belisca a seriedade que lhe reconheço.
Mas esta situação tem, em minha opinião, implicações políticas na relação institucional do Primeiro Ministro com o Presidente da República e está ainda por resolver. Com toda a certeza, este ”deixa andar” no interior do Governo, desagradou a Marcelo Rebelo de Sousa, deixando-o numa situação deveras desconfortável. E, das duas, uma, ou o Presidente “olha para o lado” e desilude, assim, todos quantos, e são muitos, têm dele uma ideia de seriedade e rigor ético, ou insiste na demissão dos secretários de estado envolvidos, dando concretização a um imenso clamor que então se levantou, criando um primeiro grande problema a António Costa no relacionamento com o seu número dois.
Tudo isto se tinha resolvido a bem de todos e da dignidade do Estado, se os Senhores
Secretários em causa tivessem, oportunamente, pedido a demissão.

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4 Comments:

Blogger opjj said...

Pensei que a idade que lhe tivesse ensinado alguma coisa, mas não. V.Exª bem merecia um verdadeiro regime comunista/ditador.Venezuela
Só o capital trouxe prosperidade, basta olhar para os paises mais desenvolvidos.Mesmo com erros.
Quem pensa assim, viveu sempre a expensas do Estado, por isso o desemprego não atinge o público.Mais, é o privado que o sustenta.
cumprimentos

26 de agosto de 2016 às 11:24  
Blogger Carlos Esperança said...

Caro Professor e Amigo:

Sinto-me honrado por partilhar a mesma opinião.

26 de agosto de 2016 às 12:38  
Blogger Ilha da lua said...

Caro Opjj Penso que interpretou mal o texto do Professor Certamente concorda que deve existir uma ética política .,,,e como se costuma dizer .,,a mulher de César não lhe basta ser séria...

26 de agosto de 2016 às 20:44  
Blogger José Batista said...

Também pertenço ao grupo dos que entendem que este assunto não está encerrado.
Concordo inteiramente com a posição do Professor Galopim, que me parece a única compatível com a dignidade de que deve revestir-se qualquer serviço público e, por maioria de razão, a governação do país.

28 de agosto de 2016 às 22:57  

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