28.5.16

A deriva nacionalista e ultraliberal da União Europeia (EU)

Por C. Barroco Esperança
Milton Friedman foi provavelmente o economista mais influente da segunda metade do século XX e a influência deletéria, que o brilhante académico e excecional comunicador exerceu, subsiste. A sua teoria é hoje o catecismo capitalista que excluiu os mais fracos e acumulou 50% da riqueza mundial nas mãos de 62 pessoas.


Beneficiário do New Deal, de Franklin D. Roosevelt, que permitiu a sua sobrevivência e a de jovens economistas, tornou-se o principal teólogo de uma nova religião. Líder do grupo ultraliberal, ‘bando de Chicago’, foi consultor do Partido Republicano dos EUA e moldou o capitalismo, convertido à vulgata ultraliberal, cruel e amoral, de que Ronald Reagan, Margaret Thatcher e João Paulo II foram as referências políticas.

A URSS, em fase de implosão, facilitou o uso da democracia política como argumento estimulante, para acelerar a queda do comunismo, e acabou por ser mero pretexto para a imposição de uma ditadura do capital financeiro. O Chile foi o laboratório da primeira experiência, que só resultou graças à repressão violenta e assassínios seletivos.

O ultraliberalismo está para o capitalismo como o Antigo Testamento para as religiões monoteístas, irrevogável e totalitário. Não será uma maldição vitalícia, mas deixará um rasto calamitoso, com o poder económico a comandar a política e o capital financeiro a determinar a ideologia.

A UE, refém do modelo único imposto pelo FMI, BCE, CE, agências de rating, PPE e outros agentes do terrorismo financeiro, vai deslizando para modelos fascizantes de que o último susto foi a eleição presidencial austríaca onde toda a esquerda, aliada a toda a direita de rosto humano, venceu a extrema direita por escassos 0,6% dos votos, precária vitória que prenuncia o triunfo extremista nas próximas eleições legislativas.

Na segunda-feira foi o Partido da Liberdade da Áustria que esteve à beira da vitória, um partido que há década e meia a UE não tolerava. Em breve poderá ser poder, depois das próximas eleições legislativas. A Polónia e a Hungria já se renderam à extrema-direita. Frente Nacional (França), Partido Nacional Democrático (Alemanha), Aurora Dourada (Grécia), Partido dos Finlandeses, Partido do Povo Dinamarquês, Partido da Liberdade (Holanda) e Liga Norte (Itália) são monstros que, como a Hidra de Lerna, matam com o seu hálito.

O Partido Popular Europeu (PPE), hegemónico, cada vez pior frequentado, anda muito preocupado com o eleitorado ibérico, enquanto adapta a pituitária ao hálito que exalam os partidos, atrás referidos, que caminham para o poder.

Conheço da História uma conjuntura semelhante. Nasci durante a guerra que ateou.


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6 Comments:

Blogger opjj said...

É conhecido, o melhor bem-estar está na UE, razão pela qual todos a querem abraçar. Se o comunismo fosse bom não tinha fugitivos.
Se o capital de alguns o incomoda tanto porque não põe mãos à obra e arranja os tão necessitados empregos?
Vivo modestamente, mas nada me incomoda e até admiro quem consegue fazer fortuna.
Dizia um dos mais ricos do Brasil( 10 vezes mais que Belmiro) neto de sapateiro português.Homem com 11 filhos.Cristão, dizia ele, tudo em que toco tenho lucros. Homem que ia ás suas reuniões de sapatos e camisolas sem marca, velhos pq se sentia melhor.E cuidava com deferência os seus trabalhadores.

28 de maio de 2016 às 14:59  
Blogger Ilha da lua said...

Gostaria que me elucidassem:
Quem fiscaliza o FMI, o BCE, e as tenebrosas agências de rating?

29 de maio de 2016 às 22:20  
Blogger Carlos Esperança said...

Ilha da Lua:

Se souber, agradeço-lhe a informação.

30 de maio de 2016 às 01:18  
Blogger Ilha da lua said...

Este comentário foi removido pelo autor.

30 de maio de 2016 às 11:30  
Blogger Ilha da lua said...

Carlos Esperança

Descobri um artigo de Rui Barroso no Económico de 17 de Outubro de 2010,com o título "Quem são os donos das agências de rating"
Talvez, ajude a perceber o porquê de muitas coisas...

31 de maio de 2016 às 00:01  
Blogger Carlos Esperança said...

Obrigado, Ilha da lua.

31 de maio de 2016 às 00:53  

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