27.9.15

Luz - A grua Poderosa, no cais de Lisboa, nas docas do Poço do Bispo

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Esta é a continuação necessária da imagem anteriormente publicada. Depois de terminadas as suas tarefas, ao largo do Mar da Palha, a “Vigorosa” regressou ao seu poiso habitual, encostada ao cais, ao lado e cruzada com a “Poderosa”. É esta a imagem que se vê mais vezes, quando se passa pela região. Ao fim de algum tempo, as duas gruas transformam-se facilmente em imagem familiar. Além de serem bonitas, a sua posição tem algo de afável. Quem sabe se acolhedor, termo aqui inesperado, mas é o que me ocorre. Há quem diga que, naquela posição, as duas gruas fazem lembrar, estilizados, os corvos de Lisboa! Está tudo certo! (2015)

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ROCHAS ÁCIDAS, NEUTRAS E BÁSICAS

Por A. M. Galopim de Carvalho
Enquanto aluno, na universidade aprendi que as rochas magmáticas ou ígneas se podem arrumar sistematicamente em ácidas, intermédias ou neutras e básicas, mas ninguém me explicou o porquê destas adjectivações. Julgo, porém, ter encontrado, na História da Química, a explicação para o qualificativo “ácidas”. Se assim não for, que me corrija quem souber.
É curioso assinalar que, se uma rocha magmática dita ácida, caso por exemplo do granito, for esmagada e mergulhada em água destilada, o pH dessa água fica ligeiramente superior a 7 e, portanto, alcalino ou básico. Isto devido à presença de iões K+ e/ou Na+ que se libertam dos feldspatos alcalinos (ortoclase, microclina ou albite)

No que se refere aos qualificativos “intermédias” ou “neutras” e “básicas”, seria interessante que um petrólogo, um geoquímico ou um químico pudesse facultar-nos a respectiva explicação.

Eis, pois, os elementos que reuni:
A descoberta do oxigénio e o seu reconhecimento como o elemento mais abundante da crosta terrestre, anunciados em 1774, pelo clérigo inglês Joseph Priestley (1733-1804), associada à evolução da química analítica, na sequência dos trabalhos do francês Antoine Lavoisier (1743-1794) e dos suecos Carl Wilhelm Scheele (1741-1786) e Torbern Bergman (1749-1817) e outros notáveis químicos da época, conduziram a que a composição química das rochas (com destaque para as magmáticas ou ígneas) passasse a ser expressa em óxidos. Tais análises forneciam as percentagens ponderais de ”terra siliciosa” (sílica, SiO2), “terra argilosa” (alumina, Al2O3), “ocres” (óxidos de ferro ferroso e férrico (FeO e Fe2O3), “cal” (CaO), “soda” ou “alcali fixo mineral” (Na2O), “potassa” ou “alcali fixo vegetal” (K2O), “magnésia” (MgO), “titânia” (TiO2), óxido de manganês (MnO), “anidrido fosfórico” (P2O5), água (H2O), “ar ácido” ou “ácido aéreo” (CO2). Este modo de caracterizar a composição química das rochas, a par da microscopia, foi decisivo no avanço da petrologia e, consequentemente, da geologia. Desde logo se constatou que o teor em sílica era um bom parâmetro na organização sistemática das rochas ígneas.
Com base nesta valiosa contribuição da química, o francês Jean-Baptiste Élie de Beaumont (1798-1874), professor de Geologia na École des Mines de Paris, cuja obra teve larga difusão e aceitação entre ingleses e alemães, foi sensível à variação do teor de sílica nas rochas magmáticas, critério que utilizou na classificação que então propôs:
rochas ácidas” com mais de 65% de sílica;
rochas neutras” ou “intermédias”, com 65 a 52% de sílica; e
rochas básicas”, com 52 a 49% de sílica.

A qualificação de uma rocha como ácida resultou da convicção, ao tempo, de que a sílica (SiO2) era um “óxido acídico”, à semelhança do dióxido de carbono (CO2) que, juntamente com a água, formaria uma série de ácidos, uma ideia que vinha do século XVIII, na sequência do trabalho de Torbern Bergman e de outros químicos do seu tempo, em que se falava de “ácido quartzoso” imaginado com base na sílica.

O excesso de sílica evidenciado no granito pela presença de quartzo significava, para estes autores, excesso do “princípio acídico”, não obstante a incorrecção desta ideia. A expressão rocha ácida, manteve-se até os dias de hoje.

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26.9.15

Sondagens e confidências

Por Antunes Ferreira
Como já disse, e sem me envergonhar, voltei com a palavra atrás, ou seja a decisão irrevogável que tinha tomado durou mais ou menos três dias. Revogada. A vida tem destas coisas: é uma espécie má de  “o homem põe e Deus dispõe”. Ainda que o dito Senhor (dando de barato que existe e sempre existirá per omnia secula seculorum) nada tenha a ver com isso, fica sempre bem recordar Pôncio Pilatos: ecce homo! De resto, umas quantas latinadas compõem qualquer texto: são os similares do que os tipógrafos (ainda os há) dizem: um texto sem gralhas é como um jardim sem flores… Não sou eu quem o digo – são eles.
Mas não podia conseguir atingir o objectivo, houve que levantar a cabeça e partir para outra (o jargão fubolístico é muito importante entre os Portugueses). Recaí nas eleições, não resisti à tentação das urnas. Continuo a leste de debates, meses redondas, entrevistas reportagens e programas sobre as campanhas, comentários de… comentadores diversos, tudo no mesmo tom, o diapasão não tem particular afinação para os decibéis utilizados nas arruadas.
É fácil dizer que no dia 4 de Outubro se verá. Lembram-se do João Pinto do FêCêPê? Prognósticos só no fim do jogo… Por isso sou um descrente praticante nas sondagens de todas as cores, quantidades e qualidades. Assim a modos dos trópicos, que são dois, o de Cancro ou Câncer e o de Capricórnio, um mais a Norte, o outro mais a sul, se distinguem os partidos e as respectivas campanhas, as promessas (que habitualmente não são cumpridas), o bipartidarismo a fingir de multipartidarismo.
Confronto-me com as sondagens que resultam em previsões mais díspares. Talvez aquelas à boca das urnas, os prognósticos só no fim do jogo ainda possam ter alguma credibilidade. As restantes e de acordo com o Herman são mais ou menos “tudo ao molho e fé em Deus”. Ora como eu não tenho fé em Deus, pois, repito, fui católico – mas curei-me, e a molhada não me diz nada, refiro-me apenas ao que se está a passar nestas legislativas 2015 e que, no fundo, bem lá no fundo – são verdadeiras incógnitas ao quadrado.
Na sexta-feira a Tracking Pool Intercampus patrocinada pela TVI, TSF e Público dava 37% para a PAF e 32,3% para o PS, enquanto a Eurosondagem  (do meu Amigo e sportinguista Rui Oliveira Costa) apresentava 36& para o PS e 35,5% para a PAF. Mau, em que ficamos? Acredita-se em qual? Quiçá recorrendo ao cara e coroa se chegue ao que será o resultado final; mas isso, volto a dizer é nos estádios de futebol.
Todas as quintas-feiras reúne-se um grupo de amigos à mesa de um restaurante; é uma tertúlia (não revelo o local nem o nome dele e naturalmente os dos tertulianos). É uma oportunidade para nos sentarmos à mesa, local ideal para trocar ideias e opiniões sobre os temas mais diversos. E discuti-los civilizadamente. Nisso é que está a graça dela, isso é que nos atrai, isso enfim é o espelho da Amizade.
Pois bem, na última quinta-feira, falou-se naturalmente de eleições, dos partidos, dos candidatos e também da novela Carrilliana, que plagiando Jorge Sampaio que disse que para além do défice há mais mundo, no caso da tertúlia disse-se que para além das sondagens há mais mundo. Foi no decorrer dela que um comunista (se me tento dar com todos os amigos por que bulas não o havia de fazer com o tal comunista? Porque para mim a Amizade sobreleva as partidarites, as clubites e outra “doenças” terminadas em ites.
Ele confidenciou-me que o Partido (acho piada quando o afirmam: quer dizer que só há o Partido e se houver, sublinho o se, outros não são partidos… A saudade do Partido único ainda perdura e, neste particular, não há nada a fazer ) tem as suas próprias sondagens feitas em regime de militância e elas dão a vitória aos socialistas. E ironicamente acrescentou, estás por isso de parabéns. Embora esta confidência tivesse sido feita sotto você respondi-lhe que vinham atrasados os parabéns pois fizera anos no domingo passado.
Só podia sair gargalhada – o que aconteceu; e originou uns quantos cenhos franzidos dos restantes comensais, mas que se passa, conta lá essa que nós também nos queremos rir!... É claro que respondemos em coro afinado que estávamos a analisar a conduta do Bruno de Carvalho. A explicação desconchavada não mereceu palmas, mas antes mais dúvidas. O comunista é lampião e eu sou lagarto; os outros não pareciam ter compreendido como era possível um dérbi ainda que à mesa.
De sondagens nem um pio; há conversas entre amigos cujo tema não se revela. Senão lá se vai a confidencialidade…

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24.9.15

Marcelo e Cavaco

Por C. Barroco Esperança
Não faço a ofensa de comparar Marcelo a Cavaco Silva. Separam-no muitas centenas de livros, a abissal distância cultural e a conduta nos negócios privados mas, dito isto, há semelhanças inquietantes de quem se perfila como candidato presidencial. Marcelo não nos envergonharia como PR mas é ainda mais perigoso.

Marcelo Rebelo de Sousa ao criticar, na passada sexta-feira, o líder socialista, António Costa, por recusar “acordos de regime” e rejeitar viabilizar o Orçamento de Estado (OE) para 2016, em caso de vitória da coligação PSD/CDS, foi grosseiro na linguagem, ao dizer que António Costa  é como um ‘menino’ que só vai a jogo se souber que ganha, e subserviente a Passos Coelho  a quem já presta vassalagem apesar da enorme distância intelectual e ética que os separa.

Marcelo Rebelo de Sousa foi um dos artífices da unção de Cavaco como líder do PSD, no congresso da Figueira da Foz, que o elevou, para desgraça, aos mais altos cargos do Estado. Foi também ele que, a convite do ex-banqueiro Ricardo Salgado, juntamente com Durão Barroso, urdiu a candidatura do outro ‘chefe de família’ presente, o inefável Prof. Cavaco, todos acompanhados das amantíssimas esposas que, no caso do último, é também a sua indispensável prótese conjugal.

Quem, da janela da TVI, olha o portão do Palácio de Belém e quer percorrer de rastos o caminho, como vuvuzela da coligação de direita, não é um estadista, é um oportunista.

Se os portugueses quiserem renovar um PR, uma maioria e um Governo, transformando o sonho de Sá Carneiro em novo pesadelo, nada se poderá fazer. É uma decisão do povo pela única via aceitável, ainda que augure os piores resultados. 


É uma ameaça que paira sobre a República. A versão urbana de Cavaco é mais refinada e tão ou mais nefasta. Apenas não aviltaria o cargo.

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20.9.15

Burquina que faço?

Por Antunes Ferreira 
Permitam-me que aqui à puridade vos conte um segredo que agora decidi revelar: estou farto da política a la Portugaise. Não vejo debates, nem comentadores políticos, mesas redondas, muito menos campanhas pré que já são eleitorais com discursos, arruadas e outros que tais Obviamente vou votar no Partido Socialista; nunca escondi, não escondo e não esconderei esta filiação que tal com o brandi Constantino cuja fama já vem de longe.
Voltando as costas à política, à Pulhítica, à politiquice (à vontade do freguês) tinha forçosamente de escolher outro tema que não fosse português; como o fiz há muitos anos retornei aos comentários sobre a política, mas a internacional. Quem ainda me lê estará por certo a confirmar que políticos, jornalistas e comentadores são um bando de mentirosos, pois que quando ao pequeno-almoço dizem preto, ao almoço já mudaram para o cinzento e ao jantar para o branco. E se ainda houvesse ceia passariam para a cor-de-burro-quando-foge.
Não é que o internacional tenha grandes diferenças com o nacional, ainda qua já lá vão uns anos o slogan propagandístico dissesse que “tudo o que é nacional é bom” Assim sendo, detenho-me numa notícia pouco destacada mas cujo interesse pelo menos para mim justifica estas linhas que escrevo. É o caso paradigmático do que se passou (ou ainda está a passar-se) no Burquina Faso que poucos anos atrás se chamava República do Alto Volta, denominação que lhe ficou do colonialismo francês.
Como quase todos os países africanos onde europeus e norte americanos quiseram transforma em democracias apoiadas pelo Ocidente ou pelo Oriente presidido pela então URSS, a história foi-se repetindo: poder civil, constituição, golpe militar, nova constituição, poder civil e etc. um dico rachado que até agora nunca parou a sua lengalenga.
Há poucos dias o presidente (ao que parece interino) Michel Kafando e membros do governo de transição foram “feitos reféns” por militares da própria guarda presencial. Pormenorizando: de acordo com a Rádio Omega, (governamental) afinal o primeiro-ministro Isaac Zida e todos os ministros do governo chefiado pelo tenente-coronel Kafando também foram feitos reféns. Tomavam parte de uma reunião para a finalização do regime de transição.
O Burquina Faso deveria ter eleições no próximo mês de Outubro para por fim à transição civil (?) iniciada há um ano, depois de inúmeros protestos que levaram à ditadura de mais de 27 anos de Blaise Compaoré. Na base dos protestos estava o assassinato do ex-presidente Tomas Sankara. Até à data do fecho deste texto a informação a rádio usava a forma clássica nesta situação: “reina a calma” na capital Ouagadogou , mas os cidadãos ainda nem sabiam o que se tinha passado e como fora o golpe e até quem fora o seu autor, pois nenhum grupo político ou militar reivindicara a autoria do golpe.
África tem de deixar de ser o cadinho de experiências ditas políticas. Há tempos um autor angolano perguntava-se se Deus era branco. Em Angola havia um dito significativo sobre esta questão: “O branco é filho de Deus, o preto é filho do Diabo e o mulato é filho da puta…” Estes estereótipos têm de acabar, sob pena da África ser a pole position de uma nova guerra mundial.
A população negra maioritária do continente africano continua a fazer comparações entre o tempo dos colonialistas e o da actualidade. O que além de ser pernicioso é perigoso, muito perigoso para o Mundo. O apartheid acabou oficialmente, mas não terminou nos cérebros dos africanos - brancos ou pretos. É conhecida a anedota sobre a África do Sul: depois do NC chegar ao poder, uma professora no primeiro dia das aulas disse aos seus alunos. “A partir de agora, não há pretos e brancos: somos todos azuis…” Amalta ficou de olhos esbugalhados: podia lá ser uma coisa assim? E logo a docente indicou: “os azuis claros sentam.se à frente; os azuis escuros vão lá para trás…”
Entretanto os militares libertaram Kafando que é também militar. Resta saber o que virá a seguir. Desde que a revolta dos Mau Mau ocorreu no Quénia e Jomo Keniata ascendeu à presidência durante 15 anos, o país transformou-se num exemplo para a África pela estabilidade e pela transição para um capitalismo “soft”.
Volto ao Tema: Burquina – que faço?

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Luz - A grua Poderosa, no cais de Lisboa, nas docas do Poço do Bispo

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Tem mais de trinta anos. Funciona perfeitamente. Foi construída em Portugal, por uma empresa, a Mague, que desapareceu na voragem da revolução, do socialismo e do capitalismo. A grua é especializada em cargas a granel. Vai com um batelão ao largo, carrega e descarrega as mercadorias. Tem uma mecânica antiga e interessante. Pode dizer-se que é bonita e arrasa completamente os guindastes modernos e os pórticos para contentores. Os estivadores, homens sensíveis, deixaram-se há muito conquistar e deram-lhe este maravilhoso nome: “Poderosa”! Que pintaram no eixo principal, como se pode ver. Nesta imagem, onde a vemos sozinha diante do rio e do Mar da Palha, há qualquer coisa de majestático na sua pose. Mas também de triste e melancólico! Na verdade, como veremos em breve, a “Poderosa” tem a sua parceira, a “Vigorosa”, quase igual, com quem faz parelha todos os dias e que neste dia lhe faltou. Juntas, ganham alegria e encanto! (2015)

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OS OBREIROS DA GEOLOGIA PORTUGUESA (1)

Por A. M. Galopim de Carvalho
Em franco contraste com a pouca atenção dada à disciplina de Geologia nas nossas escolas, situação esta que tenho vindo insistentemente a denunciar, responsável pela mais do que notada falta de cultura científica neste importante domínio do conhecimento, nunca, como nas últimas décadas, foram tantos e bons os geólogos portugueses, a trabalharem no terreno, a investigarem e a ensinarem nas nossas Universidades.

É evidente que esta situação tem raízes e são elas que me proponho recordar, em meia dúzia de pequenos textos, rendendo-lhes as devidas homenagens. Tudo começa com (...)
Texto integral [aqui]

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17.9.15

Não acusem injustamente Cavaco Silva e Passos Coelho

Por C. Barroco Esperança
Compreende-se a frustração, o desespero e a raiva de quem perdeu as poupanças de uma vida ou as economias da emigração sofrida, mas é injusto responsabilizar o ex-professor de economia, Cavaco Silva, e o aprendiz Passos Coelho por investimentos realizados no grupo GES/BES. Ambos são responsáveis por muitas desgraças mas não por esta.
 Para lhes atribuírem a credibilidade que nem os mais indefetíveis deste Governo e desta maioria lhes atribuem, usaram a afirmação de Cavaco, em Seul, na Coreia do Sul, em 21 de julho de 2014, a garantir a solidez do BES, “dado que as folgas de capital são mais do que suficientes para cobrir a exposição que o banco tem à parte não financeira, mesmo na situação mais adversa”, afirmação reiterada por Passos Coelho.
Não é defensável que alguém, salvo por sectarismo partidário, confiasse mais neles do que em Ricardo Salgado, anfitrião dos casais Cavaco Silva, Marcelo e Durão Barroso na preparação da primeira candidatura de Cavaco a PR. Ninguém confia mais nos músicos do que no regente de orquestra e, desta vez, nem a D. Patrícia Cavaco Silva confiou ou investiu no último aumento de capital do BES.
O que perdeu os investidores foi a confiança em Ricardo Salgado, banqueiro do regime, e nos reguladores, Banco de Portugal e Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). Terá sido, aliás, o elogio de Cavaco Silva ao governador do BP que dissuadiu eventualmente potenciais investidores, pondo-os de sobreaviso, e os salvou.
 Os responsáveis do logro do último aumento do capital do BES foram Ricardo Salgado e os reguladores, além da discutível decisão política do Governo em relação ao GES/BES e, logo a seguir, o inédito aventureirismo da criação do Novo Banco que, segundo Passos Coelho, nem um cêntimo custaria aos contribuintes.
O ex-professor de economia e o aprendiz, sobretudo o último, podiam ter informações privilegiadas mas não tinham certamente reputação financeira capaz de induzir em erro quem arriscou as economias e arrostou com as contingências do mercado de capitais.
Desta vez não foram responsáveis.
Não os acusem. 
Ponte Europa / Sorumbático

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13.9.15

Luz - Entrada do novo edifício da sede da EDP, em Lisboa

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O edifício ainda não está acabado. Não me foi possível entrar, nem sequer passear nesta pátio estranho e atraente, que não é mais do que uma passagem através de todo o prédio, da avenida da frente para a rua das traseiras. O autor é o arquitecto Manuel Aires Mateus. O edifício fica na avenida 24 de Julho, perto do Tejo, não longe do Cais do Sodré e do Mercado da Ribeira, e terá oito pisos à superfície e seis subterrâneos para vários usos mais estacionamento. A abertura e a inauguração estão aparentemente atrasadas, pois estiveram marcadas para o segundo semestre de 2014. A obra terá custado mais de 60 milhões de euros, sendo que este valor não é rigoroso nem está confirmado. Todo o edifício vive muito da transparência dos materiais, nomeadamente o vidro profusamente utilizado. A perspectiva desta imagem depende do sol e das sombras. Só se obtém este plano a certas horas do dia e com a meteorologia adequada. É provável que a construção venha a ser polémica, tanto funcional como esteticamente. Será mérito seu. Para já, posso garantir que é uma verdadeira fantasia para qualquer fotógrafo! Poderá passar por ali horas, dias e semanas, em vários estacões do ano, a diferentes momentos do dia: nunca se cansará de jogar e brincar com a luz e a sombra! (2015)

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12.9.15

A TERRA VISTA COMO UM SISTEMA DINÂMICO QUE SE AUTORREGULA

Por A. M. Galopim de Carvalho 
Como introdução ao tema a desenvolver em próximos posts, é essencial apreender o conceito de sistema do contexto da termodinâmica. Neste capítulo da física, um sistema é, como o definiu o saudoso colega, Prof. Pinto Peixoto, em 1987, um espaço confinado ou limitado por um invólucro ou parede, real ou conceptual, dispondo de massa, de energia e de um conjunto organizado de elementos ou de atributos dinamicamente interactivos, inserido num determinado ambiente a que se dá também o nome de universo complementar do sistema.
As diferentes partes que eventualmente constituem um sistema constituem subsistemas e, neste caso, o sistema diz-se composto. Quando separados por paredes internas, os subsistemas dizem-se disjuntos. Relativamente à massa e à energia, os sistemas são classificados como:
- isolados, se as suas paredes impedirem trocas com o ambiente, dizendo-se adiabátios e impermeáveis;
- fechados, quando permitem transferência de energia, mas não de massa;
- abertos, quando permitem trocas de energia e de massa com o ambiente. Neste último caso, as respectivas paredes dizem-se permeáveis e diatérmicas.

Não é desejável nem fácil tratar separadamente as diversas entidades ditas esféricas constituintes do planeta que nos deu e assegura a vida. São muitas e complexas as relações entre elas como subsistemas abertos de um sistema dinâmico (neste caso, adjectivado de geodinâmico). São conhecidas as relações da litosfera com o manto, bem explicadas ao nível da tectónica de placas, e, até, com o núcleo, particularmente documentadas num determinado tipo de vulcanismo. É meu propósito explanar (a um nível de pormenor que não ultrapasse as generalidades) outras relações, nomeadamente as existentes entre as entidades mais periféricas, como são a litosfera, a atmosfera, a hidrosfera e a biosfera. Como subsistemas do sistema Terra, abertos e contíguos que são, estas esferas promovem e permitem, entre si, um sem número de trocas de energia e de matéria (massa) ao longo das suas vastas e íntimas (interpenetradas) interfaces ou fronteiras. Tais transferências, mantidas ao longo de mais de 4000 milhões de milhões de anos da história do planeta, induziram as evoluções que sofreram. Tais evoluções, em muitos casos próprias do circuito externo do ciclo petrogenético (ou geoquímico), estão arquivadas, como veremos, nas rochas sedimentares.
De todos os planetas do Sistema Solar, incluindo os múltiplos satélites que os acompanham, a Terra é, tanto quanto sabemos, o único que possui uma atmosfera oxigenada, uma hidrosfera líquida e uma biosfera. A sua massa e a posição que ocupa relativamente ao Sol determinaram-lhe a composição e características ambientais que a tornam única no universo do nosso conhecimento.
Bem longe de nós, Ganimede, um dos satélites de Júpiter e a maior lua do Sistema Solar, possui uma crosta de água gelada, só possível nas baixíssimas temperaturas (-1500 a –1800 C) existentes à sua superfície. Neste contexto, o gelo é o mineral da única “rocha” ali existente à superfície, também ela gelo, de uma litosfera de gelo, ou seja, uma hidrosfera gelada, ou criosfera.
(continua)


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