13.9.14

A atração fatal pelo pequenino

Por Ferreira Fernandes 
Foi um economista, E. F. Schumacher (1911-1977), britânico de origem alemã, que popularizou uma das frases que, dizem, mais influenciaram os tempos modernos: small is beautiful. A indústria informática com empresas tantas vezes nascidas em garagens ajudou a sustentar essa imagem romântica de minimalismo. Mas a verdade é que esse gosto pelo pequenino afogou-se num gigantismo que impressionou tanto mais quanto foi protagonizado por miúdos adolescentes (o Mark Zuckerberg do Facebook, o Larry Page do Google...) que num fogacho se tornaram potentados que fazem os Rockfeller de antigamente parecer pequenos burgueses. Então, o small is beautiful já era? Não, mudou de ramo. Foi para a política. A Bélgica, exemplo clássico, não suporta a sua vastidão, parta-se em dois! Já a Checoslováquia não aguentou nome tão comprido. Agora, dois médios países de um atarracado continente deram em sufocar na sua grandeza. A Grã-Bretanha acreditou que era mesmo grande, e está em vésperas de deixar ir a Escócia. A Espanha faz dois com a Catalunha (e amanhã fará três, e quatro...) Eu desde que ouvi os de Sendim, a meia dúzia de quilómetros de Miranda do Douro, garantindo que o seu sendinês não tem nada que ver com o mirandês, percebi: a atração pelo pequenino é fatal. Amanhã, os à volta da Europa mostrarão a estes indígenas como isso de ser pouco pode ser beautiful, mas é perigoso.
«DN» de 13 Set 14