8.5.14

Para acabar com o buraco da fechadura

Por Ferreira Fernandes 
Monica Lewinsky, o assunto que bem podíamos não ter ficado a saber - recordo a banalidade: um adulto conheceu uma adulta e mais e mais -, escreveu anteontem na revista americana Vanity Fair que punha uma pedra sobre esse passado velho de 16 anos. Ela e o então Presidente Bill Clinton, o que fizeram, diz ela, foi "consensual". Ela queria, ele queria, e pronto, enterre-se o assunto. Ela disse exatamente: "Está na hora de enterrar o vestido azul." O que é uma fórmula razoável para rematar o affaire - vestido lembra não vestido e, em matéria de imagem, chega, já fomos demasiado intrometidos. O tabloide New York Post em matéria de fórmulas prefere-as mais gráficas e fez ontem esta manchete, ao lado da foto de Monika Lewinsky: "My Life Sucks!". Tem duas traduções: "A Minha Vida Enoja!" ou "A Minha Vida Chupa!" Era também uma manchete noticiosa que dizia: "Nunca se deve esquecer que há sempre pessoas e os seus correspondentes jornais atraídos pela sarjeta!" É admirável a capacidade de concisão ("My Life Sucks!") do New York Post, que diz tanto em só três palavrinhas. Dito isto, passemos a outro assunto: o tabu do escândalo Lewinsky-Clinton foi, pois, esvaziado em 2014. O que quer dizer que, em 2016, uma grande senhora e esclarecida e poderosa líder política, Hillary Clinton, pode dedicar-se, sem fantasmas, ao que é realmente sério e de interesse público: lutar para suceder a Obama. 
«DN» de 8 Mai 14

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