28.5.14

E se o PS insistir, olhem, paciência...

Por Ferreira Fernandes 
O espanhol PP, no poder, teve um péssimo resultado. Mas não se demitiu. O mesmo aconteceu com o PS francês. Nem o espanhol Rajoy nem o francês Hollande foram aconselhados a sair. É, há países em que o trabalho das legislativas não se confunde com o conhaque das europeias (ou vice-versa). Porém, qualquer eleição deve ser considerada como um teste. Afinal, é sempre uma extraordinária sondagem que ausculta milhões de pessoas. É por isso que, ao ter maus resultados, o líder espanhol da oposição, o socialista Rubalcaba, se demitiu. O falhanço nas europeias augurava um fracasso certo nas próximas legislativas e Rubalcaba tinha a obrigação, com o seu partido, de lhe dar oportunidade de encontrar líder melhor. Sintomaticamente, aconteceu o mesmo em França: também se demitiu o líder da oposição, Jean-François Copé, porque o UMP teve uma má votação, apesar de ter estado melhor que os socialistas do Governo. Perdedores, Rajoy e Hollande ficam porque têm um contrato com o seu país. Perdedores, Rubalcaba e Copé demitem-se porque, não tendo esse contrato, cada um deles tem um dever com o seu partido. Passos, continuando, não engana os portugueses (é só tolo se não ouvir o aviso que eles lhe deram). Já Seguro, não indo embora, engana os socialistas. A única alternativa decente é arrastar o PS nessa irresponsabilidade. Ir a um congresso e dizer: "Agora que me conhecem como fraco líder, insistem mesmo em mim?" E se o PS insistir, olhem, paciência.
«DN» de 28 Mai 14

Etiquetas: ,