30.3.14

«Dito & Feito»

Por José António Lima
Santana Lopes assegurava, há uns meses: “Escusam de inventar notícias e declarações de 'amigos', porque não é esse - uma candidatura presidencial -, de todo, o meu caminho”. Agora, veio avisar que, afinal, pode ter “em abstracto, várias condições para exercer funções como essa” de Presidente da República. E até se deu ao trabalho de enumerar, uma a uma, as suas valências para o cargo, como se estivesse a preencher um CV para concorrer a uma vaga em Belém: “Conheço muito bem o poder local, a Cultura, as misericórdias, o Estado, já fui deputado europeu, até já fui presidente de um clube de futebol…”. Em suma, “com o conhecimento que tenho de Portugal, não sei se sou eu que estou em melhores condições”, mas “o meu partido, se tiver dois ou três ex-líderes como candidatos, não deve apoiar nenhum”.
Eis Santana Lopes no seu melhor. Acreditando que Marcelo Rebelo de Sousa acabará por recuar no momento da decisão e que Durão Barroso não conseguirá ultrapassar a desmotivação das sondagens desfavoráveis, Santana ocupa desde já o espaço potencialmente deserto do centro-direita antes que outros se lembrem de avançar.
Oproblema de Santana são três. E quase inultrapassáveis. O primeiro é que só teria condições para avançar por falta de comparência dos verdadeiros candidatos. Como ele próprio reconhece: “Se houvesse uma situação excepcional. Marcelo não ir, Durão não ir, ninguém ir e haver uma oportunidade”.
O segundo problema é o reverso do seu preenchido currículo, pois não foi famosa a sua passagem por várias funções. Saiu mal da Secretaria de Estado da Cultura, saiu pessimamente do curto desempenho como primeiro-ministro e até da presidência do clube de futebol, o Sporting, saiu antecipadamente e em ambiente pouco favorável.
O terceiro problema é que Santana Lopes, a culminar a sua atribulada passagem por S. Bento, conduziu o PSD a uma das suas mais penosas derrotas eleitorais de sempre, fazendo cair o partido para 28,8%. Ainda hoje as sondagens - que o colocam, invariavelmente, no último lugar das preferências, a par com José Sócrates - revelam os anticorpos que deixou na maioria do eleitorado. E, quanto a isso, não há mesmo volta a dar…
«SOL» de Mar 14

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1 Comments:

Blogger José Batista said...

E como podia Santana Lopes estar calado? Era contrariar a sua medular natureza.
Porém, a importância do que diz é a mesma de sempre: nenhuma.
Não se percebe é como tantos cronistas se ocupam das nulidades que a criatura vai debitando.
Não fora isso e ninguém dava por ele. Por ele e por tantos outros, que deixámos (elegendo-os...) que nos tivessem conduzido até aqui.

30 de março de 2014 às 19:34  

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