22.1.14

E ainda queríamos dar-lhes armas...

Por Ferreira Fernandes 
Estava a Europa a estudar se devia ir até à Síria resolver a coisa (não faltaram propostas: intervenção direta, dar armas aos rebeldes...), quando acordou para a espantosa notícia. Podia poupar-se na viagem: a guerra virá ter connosco. Na segunda-feira, o jornal inglês Daily Telegraph deu voz a um desertor dos rebeldes que revelou uma das prioridades da Al-Qaeda na Síria: formar os jovens europeus que chegam para combater o governo sírio e devolvê-los à Europa para praticar terrorismo. Esta mão-de-obra emigrante europeia partiu inculta - só básicas teorias tolas - e regressará altamente qualificada. Em explosivos. Os serviços de inteligência, britânicos e franceses, confirmaram: a Síria é um campo de treinos para exportação. 
O regresso à Grã-Bretanha desses recrutas da guerra santa é a principal preocupação do MI-5. Na semana passada, dois garotos franceses de 15 anos partiram de Toulouse para a Síria, tenros para (ainda mais) lavagem ao cérebro. Então, até já. Talvez sejam poupados às ações mais perigosas, pois são mais úteis noutro sítio. Calcula-se que há na Síria 500 combatentes britânicos, 700 franceses e 300 belgas, quase sempre jovens. Alguns pais estão naturalmente preocupados e gostariam de os ver regressar. 
Em maio passado, escrevi aqui que essa notícia talvez não fosse boa para todos. Partiram de cabeça quente e vão voltar a ferver. Titulei essa crónica assim: "É mau terem partido. E péssimo voltarem". Repito.
«DN» de 22 Jan 14

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