21.9.13

Pequenos sinais grandes mudanças

Por Ferreira Fernandes
NO GERAL talvez esteja menos fácil de entender, mas o mundo tornou-se mais simples, aqui e ali. Ontem, o embaixador americano em Madrid apresentou as suas credenciais a Espanha. Os quadros clássicos mostram como esse ato era de grandioso cerimonial. Na National Gallery, em Londres, está exposto Os Embaixadores, uma pintura de Holbein (1533), sobre dois embaixadores que a França mandou a Henrique VIII, o oficial e o bispo, porque a preocupação com o rei inglês era, além da guerra, a religião. Aparecia no centro do quadro um objeto musical como símbolo da perfeição, um alaúde, mas com o ainda maior simbolismo de ter uma corda partida (que era o que os franceses não queriam que fosse Henrique VIII, que se afastava do catolicismo...) 
Ontem, o embaixador James Costos apresentou-se de forma previsível, vinda dele, ex-executivo da cadeia televisiva HBO: mostrou-se em vídeo a dizer quanto gosta de Espanha. Mostrou-se a comer paella e a ver dançar flamenco, a passear pelas praças espanholas. A dizer que veio de Los Angeles, cidade criada pela "misione" do padre espanhol Junípero Serra... 
Hoje, as credenciais entregam-se assim, de forma direta como quem apresenta uma série televisiva. O embaixador americano disse também que vão ambos gostar de continuar a descobrir Espanha - ambos, ele e "o meu companheiro Michael", o louro que aparece a seu lado no vídeo. É o que eu vos dizia, há coisas simples que já se dizem simplesmente.
«DN» de 21 Set 13

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