12.8.12

Maldição de Almeida tira outra vez o ouro aos futebolistas brasileiros

Por Ferreira Fernandes
GRANDE cronista de futebol, o brasileiro Nelson Rodrigues (faria cem anos no próximo dia 23) nunca foi treinador mas fez, quantas vezes!, entrar em campo um jogador importante: o Sobrenatural de Almeida. No estádio geralmente ninguém o via, sobretudo os jornalistas só dados a táticas e outros aborrecimentos, mas a Nelson Rodrigues nunca escapava. Quando alguma das suas duas equipas de paixão, a seleção canarinha ou o Fluminense, perdia por um golo estranho e no último minuto (dos "outros") ou um falhanço aberrante (dos "nossos"), a crónica de Nelson Rodrigues lá assinalava a presença em campo do Sobrenatural de Almeida. 
Ora aí está o que se pode garantir: nem Nelson Rodrigues, ontem, teria visto o Sobrenatural de Almeida na final Brasil-México (1-2). Os mexicanos ganharam sem precisar de fantasma e quanto a golo de último minuto, houve, mas foi do Brasil e, felizmente para a justiça, não chegou a influenciar o resultado. Assim, a maior potência mundial do futebol continua a não ter o ouro olímpico de um torneio que já dura há mais de um século (joga-se futebol desde os JO de Paris, 1900). 
Brasil desconseguiu o que já a Bélgica, Nigéria, Camarões e, agora, o México, conseguiram. Fica só com as suas três medalhas de prata (até a Bulgária já teve uma) e duas de bronze (também Japão, Gana e Coreia do Sul têm uma)... 
Até aos JO de 1984, em Los Angeles, só os futebolistas amadores participavam, mas a partir desse ano os profissionais já puderam participar, logo que, como ficou acordado com a FIFA, não tivessem ainda jogado num Mundial. Este compromisso deveria ter favorecido o Brasil, fábrica em contínuo de novas vedetas, que teriam nos JO o seu trampolim para outros voos. Mas, pelos vistos, os brasileiros nunca conseguem voar até ao mais alto do pódio. Se calhar por causa de Maldição de Almeida, filha do famigerado Sobrenatural, e que tem poderes mais fortes que o pai. Nem precisa de entrar em campo para desviar a bola, basta-lhe ter entrado na cuca dos craques brasileiros, convencendo-os de que ouro olímpico não é para eles. 
«DN» de 12 Ago 12

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