20.6.12

Seis meses depois

Por Manuel António Pina 
SEIS meses depois de lhe ter dado o seu aval, aprovando despedimentos fáceis e baratos, menores indemnizações, subsídios de desemprego mais baixos e durante menos tempo, menor retribuição das horas de trabalho, menos dias de férias, menos feriados, limitação da acção sindical, etc., a UGT parece ter descoberto, agora que o Código dos Despedimentos (é um eufemismo continuar a chamar-lhe Código do Trabalho) foi promulgado, que tudo isso "é ma[u], nomeadamente por pôr em causa o valor dos salários e do trabalho extraordinário". 
 Entretanto, ficou para as calendas a viril ameaça feita há três meses pela mesma central de denúncia do Acordo de Concertação Social se o Governo, em vez de só se preocupar com "a desregulação laboral e a redução das prestações sociais", não activasse o previsto "Compromisso para a Competitividade, Crescimento e Emprego". Na altura, João Proença lamentava já que o Governo andasse a negociar "medidas no âmbito do memorando da troika que [iam] contra o Acordo". 
 E, contudo, João Proença não pode queixar-se de ter sido enganado. Passos Coelho avisara: "Temos que dar um passo atrás para dar dois à frente". O passo atrás oferecido a Proença em troca do seu acordo a 200 passos em frente no sentido da desregulação laboral foi ceder na meia hora de trabalho diário. O que, decerto por acaso, era uma exigência do patronato. 
«JN» de 20 Jun 12

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1 Comments:

Blogger Mg said...

O que mais custa a aceitar é o facto de o povo continuar a acreditar em tudo o que ouvem dizer (mesmo que, ou principalmente, da boca de um ou dois, ou três ministros...) e em tudo o que vem na Comunicação Social.

20 de junho de 2012 às 23:27  

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