28.5.12

A Grécia aqui tão perto

Por Manuel António Pina 
AS CHOCANTES declarações da directora-geral do FMI ao "Guardian" revelam bem que género de gente preside hoje aos nossos destinos e a quem governos como o português ou o grego subservientemente se vergam. Por momentos, Lagarde deixou cair o idioleto técnico com que ela, Durão Barroso e a "fürehrin" Merkel, mais os seus feitores locais, justificam o empobrecimento forçado dos povos e mostrou o rosto selvagem do neoliberalismo dominante, assente no direito do mais forte à liberdade. Perguntada se não lhe custava impor ao povo grego, sobretudo aos mais pobres, medidas de austeridade que cortam em serviços fundamentais como a saúde, a assistência social ou o apoio a idosos, a directora-geral não podia ser mais clara (nem mais cínica): "Penso mais nas crianças que andam na escola, numa pequena aldeia do Níger, que apenas têm duas horas de aulas por dia e partilham uma cadeira por três...".
E que tem Lagarde a dizer àqueles que, na Grécia, todos os dias lutam hoje pela sobrevivência, sem emprego e sem serviços públicos? Que se ajudem a si próprios "pagando os seus impostos". Mas as crianças, senhora? "Bem, os pais são responsáveis, não? Por isso os pais que paguem os seus impostos".
Maria Antonieta não o teria dito melhor. Só que os "sans cullotes" de hoje persistem em crer que ainda vivem em democracia (se calhar até em democracia económica).
«JN» de 28 Mai 12

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1 Comments:

Blogger José Batista said...

Eles (e elas, certos eles e certos elas) comem tudo.
Comem tudo.
E não deixam nada.

A não ser que... nós não deixemos.

28 de maio de 2012 às 12:03  

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