22.3.12

O álibi de vulgar canalha

Por Ferreira Fernandes

QUANDO soube que o assassino da scooter estava cercado, Albert Chennouf disse: "Quero saber o que vai dizer esse monstro." Não queria nada. Ele queria era entender a morte do seu filho, paraquedista francês de origem argelina, e para isso não há explicação. Em vez de razões e sentido, Chennouf já ouviu ontem o que o assassino tinha para dizer: conversa barata. Tretas ideológicas.
Antes de ter sido cercado Mohamed Merah, o assassino de Toulouse, comparei-o a Anders Breivik, o assassino norueguês: o mesmo rasto de lobo solitário. Quem desce da moto para abater três crianças equivale àquele que caça adolescentes numa ilha.
Do norueguês conhecíamos os discursos de supremacia branca. Do francês, mesmo antes de ser apanhado, já podíamos esperar igual, dessa área (não matou ele soldados de origem magrebina?) ou de outra (não atacou uma escola judia?)...
Soube-se agora que Merah se diz adepto da guerra islâmica - após percurso de bandideco de rua foi por duas vezes ao Afeganistão. Essas ideologias - racistas ou islâmicas radicais - as democracias podem combater até com pequenos gestos: ontem, o Presidente Sarkozy atravessou a parada do quartel de Montauban, mão na mão com a mãe argelina de um soldado morto. Mais difícil é prever a irrupção de raivosos Breiviks e Merahs. Pelo menos, que eles não nos enganem: nem cavaleiros de causas erradas são, a ideologia que apregoam é simples tapume para o seu gosto de matar.
«DN» de 22 Mar 12

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1 Comments:

Blogger Táxi Pluvioso said...

As sociedades têm que evoluir para o metafascismo, (grandes passos foram dados, mas a tecnologia permite ir mais longe, que está a ser usada apenas com objetivos fiscais), e controlar de forma eficaz os cidadãos. Ainda bem que não há eleições em França, porque se fosse época eleitoral, haveria espetáculo Sarkozy.

22 de março de 2012 às 10:19  

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