25.1.12

Remorsos

Por João Paulo Guerra

“ESTES dias não têm sido fáceis para a UGT”… mas os próximos anos vão ser terríveis para milhões de assalariados portugueses que a UGT entregou de mão beijada, mesmo não os representando, à gula do patronato e do seu governo.

Aparentemente, o secretário-geral da UGT anda por aí a bater com a mão no peito, queixando-se da dificuldade dos dias que correm. A central sindical afeta ao PS e PSD queixa-se agora da dureza dos dias, depois de ter feito o que dela se esperava: avalizou o mais sinistro pacote laboral de que há memória em Portugal. E é caso para perguntar se a UGT não existe para isto mesmo, para em momentos mais críticos sustentar com uma simples assinatura mais um conjunto de malfeitorias contra os que vivem dos rendimentos do trabalho.

O primeiro-ministro terá assim cometido uma grande injustiça ao destacar e saudar a colaboração da direção do PS para o acordo laboral que fez recuar décadas as relações de trabalho em Portugal, omitindo os devidos agradecimentos à UGT, sem a qual o acordo era uma simples convénio entre patrões. Assim, o acordo tem o necessário e suficiente para que exista: o timbre de uma central sindical, pois os pesos na consciência do secretário-geral da central sindical não são registados nem sequer como declaração de voto.

O pesar de João Proença, nos dias seguintes à assinatura do acordo laboral, parece tão sentido como o de Cavaco Silva após a assinatura do Orçamento de Estado. Chamam a isto sentido de Estado ou das responsabilidades. Mas remorso é a palavra adequada, pois nem sequer significa arrependimento. O arrependimento é o sentimento de quem tem consciência que infringiu as regras da moral. Remorsos têm os que temem qualquer espécie de punição ou simples censura moral.
«DE» de 25 Jan 12

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1 Comments:

Blogger José Batista said...

Espero que ninguém chame demagogia à insistência neste assunto.
Espero também, sinceramente, que muito (e por muito tempo) se insista.
Neste como noutros assuntos que (nos) chocam e ofendem.
Porque, em meu entendimento, imperdoável era deixá-los esquecer. Muito pior do que... demagogia.

Obrigado, João Paulo Guerra.

25 de janeiro de 2012 às 18:19  

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