23.7.11

Linguagem verbal (?)

«Talvez por não dominar inteiramente as esquisitices da língua pátria, o secretário-geral do PSD/Madeira ter-se-á limitado a usar aquilo a que chama "linguagem verbal" ("paneleiro", "filho da p...", "mentiroso", "corrupto", "feito com 'eles'", "vai para o c...", segundo o DN) para afugentar um jornalista de uma conferência de imprensa sobre a estimada, e habitualmente elevada, festa do Chão da Lagoa.
"Dessa discussão - diz o PSD/Madeira em comunicado, num português também ele elevadíssimo - houve linguagem verbal de ambos os protagonistas". Só que o jornalista, pelos vistos, não arredou pé. Tivesse Jaime Ramos brandido, como o PSD nacional, algo (um imposto, por exemplo) "extraordinário" e o jornalista, decerto um contribuinte, teria desaparecido num ápice».
Manuel António Pina, in JN


Por Antunes Ferreira

A TRANSCRIÇÃO
é de parte do artigo de opinião de Manuel António Pina ontem publicado no Jornal de Notícias. Antigo jornalista do quotidiano portuense, as suas crónicas são seguidas com a maior atenção, pois que os temas que aborda são actuais e de muito interesse. Manuel António Pina, lembro, recebeu este ano o Prémio Camões, o mais importante da Cultura Portuguesa.

O também líder parlamentar do PSD/Madeira cuja truculência é suficientemente conhecida – e a sua má educação também – é um bom exemplo de quem não tem papas na língua, e que tem sim asneiras. Umas quantas dentre as inúmeras: Sócrates, então primeiro-ministo – um papagaio mentiroso; Carlos Pereira, deputado do PSD/M – uma prostituta ofendida; Baltazar Aguiar, deputado do PSN – um vadio e drogado.

Outro Jaime, desta feita, Gama, já há bastante tempo tinha acentuado que na Região Autónoma da Madeira havia um défice democrático, o que motivou, na altura, a polémica de que alguns se devem lembrar. Curiosamente, Gama, já depois como Presidente da Assembleia da República, na visita que fez à ilha, ignorou estrategicamente o que afirmara, sublinhando mesmo que fora muito proveitosa e tivera oportunidade de contactar com todas as forças políticas que o tinham querido fazer. Não recordou, obviamente o «qualificativo» de Bokassa branco que dera a Jardim em 1977 no Parlamento.


Mas ficara para a história da RAM a afirmação que também como deputado fizera em 2008: «um exemplo supremo na vida democrática e um exemplo combativo». Alberto João rejubilara; a oposição madeirense verberara: no ano seguinte, não houve qualquer representação da esquerda nos encontros ou cerimónias da visita da então segunda figura do Estado.

No episódio em que deu por encerrada, antes mesmo dela começar, a conferência de imprensa para apresentar a festa do Chão da Lagoa, o social-democrata (?), já havia declarado à sua chegada que ela não se realizaria, quando foi informado da presença do jornalista Élvio Passos, do DN/M, jornal que para os laranjas madeirenses é o órgão da renegada oposição. O quotidiano publicou ainda que, «no final de todas estas “agressões verbais”, o número dois de Jardim no partido deixou ao jornalista o desafio: "Escreve isto tudo"». E não é ele que escreveu mesmo?

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