15.7.11

Dupont e Dupond

Por João Paulo Guerra

DUPONT e Dupond, os Dupondt que se candidatam à liderança do PS, não são exactamente iguais, conforme puderam verificar todos quantos resistiram ao debate na SIC Notícias. E é assim que quando Dupont critica o Governo porque entende que lhe falta «um pensamento estratégico nas áreas da economia e da Europa», Dupond dirá mesmo que «não há uma estratégia de desenvolvimento para o país» e que «o Programa do Governo não fala na Europa». E quando Dupond acusa o primeiro-ministro de ter feito «um dos discursos mais débeis de apresentação de programa», Dupont diz mais: que «as primeiras medidas de Passos Coelho são abaixo das expectativas». Já quando Dupont diz que se ganhar contará com o contributo de Dupond, este replicará mesmo: «Eu também».

E assim se habilitaram os portugueses a escolher entre Dupont e Dupond. Porque, na verdade, o debate destinava-se ao comum dos portugueses, não necessariamente socialistas, uma vez que os Dupondt estão de acordo em abrir «aos cidadãos a possibilidade de participar na vida do PS». Até porque, para socialistas, os que por direito e dever vão votar nas directas por Dupont ou Dupond, haverá um debate à porta fechada, provavelmente impróprio para audiências gerais em serões familiares, no horário nobre das televisões.

Mas esse seria sem dúvida o debate que o País merecia, no que Dupont tem razão. Ou será Dupond? Um debate não condicionado pelo cuidado com as aparências, aberto, franco e a doer, se for caso disso. Assim, o País ficou pelas meias tintas do preto e branco, nos chapéus de coco, nas bengalas e nos bigodes de Dupont e Dupond. Gémeos siameses nascidos do ventre do aparelho do partido e separados à nascença para que distingam pela vida fora: Dupont e Dupond.
«DE» de 14 Julho 11

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7 Comments:

Blogger José Batista said...

Não assisti ao debate.
Mas estive atento ao que cada um ia dizendo quando/enquanto Sócrates nos desgovernava.
E ambos me pareciam estranhos, com uma diferença: um bom falador, com discurso bem articulado, mas ausente da realidade, sem conseguir comunicar nada que pudesse interessar às pessoas comuns - foi um (sofrido) desapontamento; o outro optando por suave silêncio, que cheguei a tomar por... pudor.
Agora, olho para eles, e tento reparar, a ver se descortino vestígios de algum motivo de interesse.
Má visão da minha parte? - Pode ser.

15 de julho de 2011 às 12:32  
Blogger Erk said...

Sim, ideias, só as que vêm do centro-direita.

E que vão mudando ao sabor dos ventos Europeus ou das empresas de rating, estes, ora mercados em livre concorrência, stressados apenas por maus modos desse pérfido aluno de Filosofia em Paris, ora afinal malvados peões na luta Dólar-Euro que distribuem cobardes murros no estômago à traição.

E já nem falo das ideias que provêm do PP (partido popular), que essas mudam ao sabor da necessidade do PP (paulo portas) se manter à tona de água política, qual submarino com a capacidade de torpedear toneladas de papel num só último dia no cargo de ministro da defesa...

15 de julho de 2011 às 16:30  
Blogger José Batista said...

Valdemar:

Eu não defendi as ideias que vêm do centro ou da direita, ou de cima ou de baixo... Deixo isso para os entusiastas.

O que disse foi que não descortino quaisquer ideias nos candidatos a líderes do partido socialista. Mas também disse que o defeito pode ser meu. Como pode verificar.

Agora, quanto ao tal aluno de filosofia em Paris, pela parte que me toca, desejo, do fundo da alma, que por lá fique todo o tempo que puder. E tanto me importa que tire (mais) um diploma ao domingo ou noutro dia da semana, que a filosofia que vai cursar seja mais ou menos "técnica" e que envie ou deixe de enviar os exames pelos meios tecnológicos...
Aliás, bem podiam os amigos dele, especialmente aqueles que se "pós-graduaram" antes de se "graduarem", seguir-lhe as pisadas que, cá no rectângulo, não se perdia nada.

A mim, em particular, faz-me tanta falta como a fome, no mês corrente e nos outros meses todos. E nunca, por nunca ser, lhe perdoarei a governança a que se dedicou, para a qual, aliás, contribuí com o meu voto da primeira vez que foi eleito.

É a minha opinião, se posso tê-la.

15 de julho de 2011 às 18:22  
Blogger Erk said...

José Baptista,

quando não se respeitam as opiniões, não se gasta o nosso tempo a comentá-las.

Respeito a sua, concorde com ela ou não.

Grande abraço.

16 de julho de 2011 às 10:46  
Blogger Erk said...

P.S.: curioso, também votei na filosófica personagem na primeira vez.

Mas fiz parte da abstenção nesta ultima.

Agora é que é, abraço.

16 de julho de 2011 às 10:49  
Blogger José Batista said...

Caro Valdemar:

Retribuo o abraço. Grande.

16 de julho de 2011 às 14:54  
Blogger GMaciel said...

José Batista e Valdemar, gostei! Grande lição de civismo e respeito pelo outro.

Ah, é tão reconfortante ver que nem tudo está perdido.


Abraço aos dois

PS: também votei na primeira, à segunda mandei-o pastar e nesta terceira nem olhei para o bicho.
:)

18 de julho de 2011 às 11:03  

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