11.4.11

Eu, treinador de bancada

Por Ferreira Fernandes

PODE parecer paradoxal o que vivemos, agora, em relação ao que vai acontecer depois do dia 5 de Junho. Como sabemos já o que provavelmente vai ser - vamos ter um governo em que o PS e o PSD vão estar juntos ou, pelo menos, amancebados em acordos -, parece um desconchavo que, nas próximas oito semanas, os dois se atirem um ao outro com violência. Mas só lhes ficará bem lutar tanto por um poder que ficou tão diminuído (outros, que não os partidos portugueses, vão mandar mais). Enfim, que façam campanhas duras, com a prudência de não dizerem o irremediável um do outro, como compete a dois sócios no futuro próximo. Cacem votos - como parece ser a intenção da notícia de ontem, com a contratação, por parte do PSD, de Fernando Nobre. Se acham que eleitoralmente isso vale, façam-no, mas é menor.
O importante é o depois do 5 de Junho. Mais do que contratações para efeitos imediatos, os dois partidos deviam municiar-se de cabeças pensadoras. Era bom encontrá-las novas, o que ajudava na limpeza de pesos mortos - um dos efeitos positivos das crises é permitir ser audaz nos cortes do que não presta e ficar atento a gente capaz (as boas empresas fazem isso, por que não os partidos?).
Não prescindir de gente experiente é importante: as perdas já anunciadas de Jaime Gama e Manuela Ferreira Leite são graves. Inadmissível, porém, é não contar com gente crítica. Falo, claro, de Medeiros Ferreira e Pacheco Pereira.
«DN» de 11 Abr 11

Etiquetas: ,

5 Comments:

Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Neste momento, vive-se uma situação semelhante à que F.F. refere no fim da crónica:

Passos Coelho, actualmente à frente do PSD (e que até tem algumas hipóteses para vir a ser primeiro-ministro de Portugal, em breve), não é - sequer - deputado porque Manuela Ferreira Leite o excluiu das respectivas listas...

11 de abril de 2011 às 13:13  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Fernando Nobre candidatar-se-á pelo PSD

Por definição, os partidos são organizações cuja principal finalidade é chegar ao poder. É mesmo assim, e não há nada a opor a isso. O problema é a dificuldade que outros (os “independentes”) têm quando tentam fazer o mesmo.

Curiosamente, muitos dos que chegam ao poder com um discurso anti-partidos acabam por formar o seu, ou associar-se a outros já existentes:

Salazar criou a União Nacional;
Ramalho Eanes fundou o PRD;
Helena Roseta, inicialmente eleita com o seu Movimento Independente de Cidadãos, acabou por se associar à candidatura de António Costa;
Manuel Alegre, que teve uma óptima votação quando era independente, não descansou enquanto não se pendurou no BE e no PS.

E por aí fora.

Fernando Nobre é apenas mais um que, depois de ter uma boa votação com o discurso anti-políticos e anti-partidos, deita pela borda-fora essa mais-valia.
Mas cada um lá sabe de si…

11 de abril de 2011 às 13:52  
Blogger brites said...

Mas cada um sabe de si,quer dizer,do seu quintal,não é?

Só que o país não é uma coutada de ninguem ,o país é de todos os portugueses,e devemo-nos questionar sobre aqueles que os querem representar,tanto mais se for um troca-tintas,que aparentemente só pensa que ,na reta final da vida todos os meios servem
para atingir o objectivo de figurar
nas galerias da A.República.

Quem é afinal este homem?

11 de abril de 2011 às 18:30  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Por uma curiosa coincidência, pouco depois de escrever o comentário anterior, ouvi (na "Antena 1") M. Alegre e H. Roseta a criticarem F. Nobre.
Achei graça, porque foi com eles que, precisamente, sucedeu o que aqui já disse: votei em ambos quando eram independentes, e neguei-lhes o voto quando apareceram apoiados por partidos (ou a eles ligados).

11 de abril de 2011 às 20:14  
Blogger brites said...

´Só mistura os casos quem está interessado na confusâo...

Reveja os discursos compare csem preconceitos e tira conclusões.

Estou~´a vontade , não fazem parte do bolo que mais aprecio.

12 de abril de 2011 às 09:56  

Enviar um comentário

<< Home