28.3.11

Já?

Por João Paulo Guerra

UM DIA depois de se unirem para deitar abaixo o Governo de José Sócrates e se perspectivarem como alternativa de poder, PSD e CDS inauguraram solenemente a fase da crispação. Terá sido por falta de jeito, por inexperiência ou por excesso de confiança da parte de Passos Coelho: o líder do PSD, na primeira vez que falou de medidas concretas para recauchutar a crise, admitiu o aumento de impostos, em particular o aumento do IVA. E logo se quebrou a fina camada do verniz da coligação pós-eleitoral anunciada. "Aumento de impostos? Nem pensar", respondeu o CDS, enquanto no próprio PSD surgiam sinais de nervosismo: um líder que fala por si pode ser uma fonte de equívocos e problemas.

E esta tem sido a história das coligações em Portugal, se bem se lembram. Ou não se lembram quando, em 2004, a coligação de governo chegou a acordo para mandar calar para sempre uma secretária de Estado da área da Educação que desencadeava uma tempestade política de cada vez que abria a boca? Foi por essa altura que alguns ministros e secretários de Estado passaram a dizer em ‘off' que o Governo deveria ser remodelado rapidamente e em força. Já se lembram? Exactamente, foi quando o ministro PSD da Administração Interna entrou em conflito com os seus dois secretários de Estado, o do próprio partido e o do CDS, que falava em nome do Governo como se o Ministério tivesse sido objecto de oferta pública de aquisição.

No Governo seguinte, com a mesma coligação mas outro chefe de turma, foi o bom e o bonito, com o ministro das Finanças a pregar sacrifícios para manter o défice abaixo dos 3 por cento do PIB, e o primeiro-ministro a anunciar que chegara "o momento" para corrigir a política de austeridade dos últimos anos.

Antes de começar, já recomeçou. Habituem-se.
«DE» de 28 Mar 11

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1 Comments:

Blogger Mentiroso said...

O Coelho pode não ter experiência, como aqui é alvitrado, mas malandrice e sofisma não lhe faltam, por isso que o escolheram. Por alguma razão idêntica seria num partido que virou de rumo e já nem justifica o seu nome, ainda que mencione os seus dignos dirigentes do passado para ocultar o quanto o presente e os recente são canalhas.

Todos os políticos mentem à sua conveniência, mas vamos já esquecer de que a intensão do Coelho é de aumentar o fosso entre mais ricos e mais pobres, de manter “classes” do pré-guerra? Por exemplo, os serviços de saúde de países democráticos podem ser 100% do estado (ex.: Suécia) ou 100% privados (ex.: Suíça) mas democráticos e iguais para todos, em ambos os casos o contrário da sua intenção. O que ele pretende é implantar uma maior desigualdade para substituir o que em Portugal não funciona por estar mal organizado e mal financiado, e quer ainda aumentar os hobbies dos vampiros da saúda dirigidos por amigos, militantes e outros exploradores da população.

Coligações só são possíveis em países civilizados e onde os políticos forem controlados pelo povo. Na década de 1990, a Finlândia teve um governo de 14 partidos, eleitos como num parlamento e não como maioria. Aqui seria impossível, não há democracia nem controlo dos políticos, mas apenas uma enorme falta de civismo. Partidos e políticos formam uma sociedade à parte, o maior erro.

«Chefe de turma»? Chefe de quadrilha.

A não esquecer de que para além da crise ter origem há cerca de duas décadas, como a falta de médicos, a culpa do que se passa actualmente não é das quadrilhas do Sócrates nem do Coelho nem dos outros, mas do que se lhes permite. Apenas se aproveitam desonestamente do que se lhes deixa fazer e abusam sem que se lhes peçam contas.

O grande problema nacional é que se em lugar de nos informarem nos desinformam e enganam. Veja-se este exemplo recente: http://ur1.ca/3oxog

28 de março de 2011 às 23:34  

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