24.3.11

A crise que é mãe das outras

Por Ferreira Fernandes

UM GOVERNO que foi eleito há ano e meio foi derrubado ontem. O que ele fazia em medidas impopulares vai o próximo Governo ter de repetir, e de forma mais grave, porque ontem o Governo foi derrubado.
Nas duas frases que atrás deixo, a primeira é factual e a segunda é uma previsão consensual - mesmo os deputados que votaram pelo derrube do Governo sabem que assim é. Há uma contradição em derrubar uma política quando isso implica a vinda da mesma política e mais grave, ou não há? Há, mas é melhor não ter ilusões nos partidos como impolutos salvadores da pátria. Os partidos são máquinas para o poder.
Temos, então, a promessa de que o que vai vir é pior do que o que existe e tal aconteceu porque os partidos apostaram no seu interesse. Os de direita porque querem governar, o BE e o PC porque precisam de acariciar a sua base de apoio, e até o derrubado PS porque estava farto de governar em minoria em tão difícil situação - não excluo ninguém.
Poderíamos chorar pelo leite derramado, mas como sempre não vale a pena e a democracia é assim. Sobre ela sou cínico como Churchill e o que me incomoda não são as jogadas dos partidos. Incomoda-me, isso sim, que um Governo eleito há ano e meio tenha sido derrubado. O PS, o PSD e o CDS (falo dos que querem governar), além da grave mas conjuntural crise financeira, deveriam pensar como resolver esse problema estrutural português. Quem manda (seja quem for) tem de mandar.
«DN» de 24 Mar 11

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4 Comments:

Blogger José Batista said...

Queira fazer o favor de desculpar: nós tínhamos governo?
Qual era a evolução desde há vários meses?
Quem manda tem de mandar. Mas tem de mandar (razoavelmente) bem. E com decência. E com respeito. Por si próprio e pelos outros.
Agora, para termos governo como temos tido, pode até vir o diabo, que não estaremos mais mal entregues.
Venha a fome, se vier, e dispensem-se os dispendiosos, incompetentes e velhacos governantes.
Venham de lá os maus, rápido, que dos "bons" estamos nós fartos.
Apre!

24 de março de 2011 às 23:34  
Blogger GMaciel said...

Subscrevo o comentário do amigo José Batista e atrevo-me a resumir do seguinte modo:

Tínhamos um governo que já não governava, era governado pela Europa da Merkel e pelos mercados, o que vier vai levar com dose redobrada - já antes garantida pelo que não será novidade, o guião é, desde sempre, esse mesmo: FMI

Mal por mal, ao menos refrescamos os lugares (porque o povinho não aprende).

25 de março de 2011 às 19:05  
Blogger brites said...

Não se incomodem,estejam descansados, que o Barreto vai tirar-nos deste apertão asfixiante Ele sabe da poção mágica que nos vai fazer parecer tudo isto apenas um sonho mau...
Se ele não o fizer,chamar-lhe-ei tudo o que de merdoso ele despeja sobre Socrates e o seu governo.
A linguagem e a irracionalidade que já conhecíamos à mulher, atacou-o de forma grotesca.senil.

Desejo que se candidate e mostre o que vale a governar um país.
Temos muita gente a escrever ,a filmar,a pintar, afundar...

Precisamos de homem de barba rija a criar empregos, a põr a justiça na ordem, a dar boas reformas aos pobres,a pagar a dívida.

Cá para mim pode DEVE ser o BARRETE!

27 de março de 2011 às 10:39  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Caro/a Brites,

Como o seu comentário se refere a António Barreto, talvez fique bem uma cópia no 'post' acabado de afixar por ele. Isso facilitará que o próprio tome nota das suas opiniões.

Poderá, também, escrever-lhe directamente para antoniombarreto@sapo.pt.

27 de março de 2011 às 11:44  

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