10.2.11

Saldos

Por João Paulo Guerra

A MINISTRA
da Educação anunciou que, para o ano que vem, cada aluno do ensino público vai custar menos 439 euros. Para que baixe o custo dos alunos, o corte de duas disciplinas, a partir de Setembro, poderá implicar que as escolas despeçam um quarto dos professores. E os alunos dos colégios privados também saem mais baratos. Já há colégios com salários em atraso. Os saldos chegam ao Superior pois com os cortes nas bolsas de estudo - que terão afectado 27 mil universitários e podem vir a afectar 40 mil - mais de 1.200 alunos, só em 3 universidades, já cancelaram a inscrição este ano.

Quanto aos saldos na Saúde, a vaga de aposentações dos médicos, para evitar cortes salariais, vai deixar 675 mil portugueses sem médico de família. Isto para além dos 30 programas de saúde que vão ser extintos por proposta da Alta Comissária da Saúde à ministra da dita. Famílias também em saldo, com meio milhão a perder o respectivo abono. Assim como assim, a verdade é que 45 por cento dos desempregados levaram corte total no subsídio de desemprego. Isto quando despedir também passou a ser mais fácil e mais barato.

Também há saldos no combate aos incêndios, com o Governo a cortar 14 milhões de euros aos meios aéreos. E também se anunciam saldos nas inspecções das Finanças: a falta de pessoal com experiência obriga as Finanças a cortar nas inspecções de 2011. Ou seja: Portugal vai ficar muito mais barato mas passará a funcionar abaixo dos serviços mínimos. Em regime de saldo.

Mas para que não se diga que os cortes são sempre para o mesmo lado, que os sacrifícios não tocam a todos, que os pobres é que pagam as crises, desta vez também se anunciam saldos para a banca. Grandes "rebaixas", grande liquidação de mais de 50 por cento. Nos impostos.
«DE» de 10 Fev 11

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2 Comments:

Blogger Bartolomeu said...

ÉStá tudo muito certo, mas... afinal para que anda o estado a desembolsar dinheiro, se depois de terminarem os estudos, os jovens não encontram empregos na área em que se formaram?
Parece um paradoxo. No entanto a constituição portuguesa, confere a todo cidadão o direito ao ensino. Outro paradoxo porque, a constituição portuguesa esqueceu-se que numa crise económica e social, fazem mais falta jovens com formação profissional, que académica.
O buzilis, é que as crises ocorrem num espaço de tempo menor, que uma formação.
Então? Vamos insistir no erro, em nome da defesa de direitos de cidadania subjectivos? Ou vamos encarar os problemas do país e dos cidadãos com realismo e encontrar as soluções reais para os resolver?

10 de fevereiro de 2011 às 14:39  
Blogger GMaciel said...

E andamos nós a aplaudir a coragem dos egípcios enquanto permitimos que, por cá, tudo se faça na santa paz dos deuses do Olimpo republicano porque, cremos piamente, já vivemos em democracia.

Cambada de carneiros para não chamar melhor.

11 de fevereiro de 2011 às 16:18  

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