19.10.10

Marcelo continua a não anunciar

Por Ferreira Fernandes

DE MARCELO Rebelo de Sousa sempre se suspeitou que o seu destino estava relacionado com o Palácio de Belém. E, de facto, a carreira, embora lenta naquela direcção, vai-se fazendo, imparável. Na década de 90, ele foi uma espécie de maître d'hôtel: soprou a Paulo Portas, então director de O Independente, o que fora a sopa servida no palácio. Ficou célebre essa história da vichyssoise porque Portas denunciou a autoria do sopro e a inexistência do jantar. E, agora, eis Marcelo promovido a porta-voz do palácio.
Antigamente, os jornais anunciavam: "Suas majestades e suas altezas passam sem novidade em suas importantes saúdes." Foi também assim que Marcelo, em directo na TVI, apregoou a decisão de Cavaco no seu importante tabu: "Sabe que Cavaco Silva vai anunciar a candidatura? E sabe quando? Dia 26... às 8 da noite... no Centro Cultural de Belém."
Fiquei, claro, expectante. Não, não sobre o anúncio de Cavaco. Mas pergunto-me sobre a próxima vez que o destino de Marcelo se cruza com o Palácio de Belém. Chefe da frota? Pergunto-me com tristeza, porque depois da irrelevância que anunciou anteontem, Marcelo falou da atitude do Presidente chileno na história dos mineiros. E falou com tal inteligência e sensibilidade que me fazem lamentar que, em vez de postos subalternos, ele, Marcelo, não se candidate, de vez, ao lugar que lhe cabe naquele palácio.
«DN» de 19 Out 10

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6 Comments:

Blogger António Viriato said...

Marcelo tem uma veia inexaurível de jogador político, verdadeiro jongleur da ribalta política ou, se quiserem, um divertido gambler, talvez termo mais apropriado, em época de anglomanias, ainda que mais por via americana que britânica.

Duvido imenso que Marcelo alguma vez volte a assumir lugares cimeiros no PSD ou no Estado.

Não, evidentemente, por falta de capacidade intelectual ou categoria profissional ou cultural ou coisa que o valha, predicados, de resto, que fartamente lhe sobejam, mas justamente por excessivo amor da jogatina política.

Demais, julgo que perderíamos um excelente analista, comentador, Professor e dificilmente ganharíamos um Político confiável.

Mesmo no Conselho de Estado, a sua presença é discutível, pelos traços de carácter e outras inclinações aqui referidos.

20 de outubro de 2010 às 00:29  
Blogger Bartolomeu said...

Parece-me de grande acuidade esta análise feita por António Viriato.
Costumo colocar-me uma curiosa dúvida; como será a participação de Marcelo, quando intervem com a sua opinião, o seu conselho, nas sessões do Conselho de Estado...?
Como diz a expressão popular... "gostava de ser mosca".

20 de outubro de 2010 às 08:47  
Blogger Ribas said...

Eu acho que o Sr. Marcelo R. Sousa é das personalidades mais irritantes da nossa sociedade, a par de Sócrates e da sua "sombra" – o ministro da presidência (que o imita ridiculamente, até nos gestos) – para além disso, não me oferece confiança, uma vaidade desmedida e um deslumbramento patético com estatuto adquirido, que segundo o próprio afirmou – É o verdadeiro poder – referindo-se à comunicação social.
Não o vejo entrar na política e sujeitar-se (mais uma vez) ao escrutínio de quem vier a ocupar poleiro de papagaio por si deixado. Até porque M.R.S. já lá esteve sem glória, numa passagem muito apagada (decidir é muito diferente de comentar).
Mas isto é apenas a manifestação da minha sensibilidade.

20 de outubro de 2010 às 10:13  
Blogger Táxi Pluvioso said...

Destino Belém? fogo!! o tipo é meio apatetado, e debita asneiras que alguns bebem como pérolas.

21 de outubro de 2010 às 07:12  
Blogger Bartolomeu said...

Nesse caso, Táxi Pluvioso, tem o prefil adequado, ou seja... segue a linha instituída...
"Marcelo a Belém... já!"
;)

21 de outubro de 2010 às 08:38  
Blogger GMaciel said...

Ribas dixit... e eu subscrevo.

Cá por casa chamamos ao MRS o "papagaio caríssimo" (em alusão ao anúncio da vodafone).

:)

21 de outubro de 2010 às 11:35  

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