15.9.10

Edite escreveu uma carta

Por Baptista-Bastos

EDITE Estrela escreveu uma carta aos seus camaradas. Embora não sendo camarada de Edite, o texto chegou-me às mãos. É uma carta de instigação e de crítica, por igual impetuosas. Num Portugal entediado, precaucionista, com vocação concêntrica para a manhosice e as meias palavras, o texto de Edite Estrela constitui um tonificante sobressalto. Entendem-se as preocupações subjacentes. Já se não entende o alarido indisposto da Direita, a qual, à falta de melhor argumento, fala, indignadíssima, que Edite Estrela "roça o insulto" ao Presidente da República [Marcelo Rebelo de Sousa dixit]. (...)
Texto integral [aqui]

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7 Comments:

Blogger GMaciel said...

Gostaria de ler essa carta para poder formular uma opinião. É que já ouvi e li tanta opinião de sim e não que estou numa de nim.

15 de setembro de 2010 às 15:52  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Deve ser isto:
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Car@ Camararda,
Car@ Amig@,

No início do próximo ano, vamos ser chamados a escolher o novo Presidente da República. Trata-se de uma eleição muito importante para o nosso futuro colectivo.

A acção política do Presidente da República é determinante para a estabilidade política do país. Sem estabilidade política, as medidas de recuperação da economia e de coesão social do governo não alcançarão os resultados que o País reclama e o governo pretende.

O actual Presidente nunca perdeu uma oportunidade de se demarcar do governo, de dificultar, aberta ou dissimuladamente, a sua acção, e até de obstruir deliberadamente muitas medidas constantes do programa eleitoral sufragado pelo povo português. Durante o seu mandato, foram frequentes as quezílias, intrigas e até campanhas, dirigidas por assessores da sua confiança, destinadas a atingir a idoneidade do governo e do primeiro-ministro.

Os socialistas têm de estar conscientes de que, nas próximas eleições presidenciais, se vai definir o rumo político do País para os próximos anos. A reeleição de Cavaco Silva abrirá as portas a um governo do PSD e a políticas conservadoras e neo-liberais: o serviço nacional de saúde, a igualdade de acesso à educação, as políticas de coesão social, os direitos laborais, tudo será revisto e alterado.

As candidaturas às eleições presidenciais não emergem dos partidos. São candidaturas independentes apoiadas ou não por partidos políticos. Oportunamente, o PS deu o seu apoio inequívoco ao camarada Manuel Alegre, um histórico do PS e uma referência do Portugal democrático.

A eleição de Manuel Alegre dá garantias a todos os portugueses de que o Estado Social, que tem sido a imagem de marca dos governos socialistas, é para ser preservado e defendido.

A eleição de Manuel Alegre dá condições de estabilidade à acção governativa, indispensável à credibilização externa do País, ao desenvolvimento económico e à criação de emprego.

A eleição de Manuel Alegre será a vitória de uma visão social aberta e universalista sobre uma visão social restrita e preconceituosa; a vitória dos valores do humanismo sobre o materialismo; a vitória de uma sociedade plural e paritária sobre uma sociedade que não respeita a diferença nem promove a igualdade; a vitória da Cultura sobre a tecnocracia.

A candidatura de Manuel Alegre é um espaço de cidadania aberto à participação cívica de todos os Cidadãos Eleitores e na qual os militantes socialistas se devem empenhar activamente, dando o seu inestimável contributo para a desejada vitória. A recolha de assinaturas é uma forma activa de participação cívica em que devemos participar.

A Constituição da República Portuguesa e a lei eleitoral determinam que sejam entregues, no Tribunal Constitucional, entre 7500 e 15000 Declarações de Proponentes onde cada cidadão eleitor, devidamente identificado, subscreve uma Declaração de Propositura individual e certifica, através da Junta de Freguesia, a sua inscrição no recenseamento eleitoral.

Saudações Socialistas,

Edite Estrela
Secretária Nacional do PS
Presidente da Delegação Socialista Portuguesa no Parlamento Europeu

15 de setembro de 2010 às 20:40  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Se eu pudesse, pedia a Edite Estrela que esclarecesse melhor a parte onde diz que Cavaco está a «obstruir deliberadamente muitas medidas constantes do programa eleitoral sufragado pelo povo português».

15 de setembro de 2010 às 20:51  
Blogger GMaciel said...

Prontos (como é comum dizer-se hoje), lida a famigerada carta, não percebo o chinfrim à volta da mesma. Sinceramente! Atrevo-me mesmo a dizer que a reacção dos defensores de Cavaco, apenas conseguiu transformar um ratinho de laboratório numa ratazana. Explicando melhor: tornaram polémica uma missiva que me faria rir se a tivesse lido antes.

Como diziam os antigos, nem tanto ao mar, nem tanto à terra. De facto, Edite Estrela esquece, não sei se propositadamente, a complacência e devida anuência de Cavaco sobre diversas leis deste PS que nos trouxeram até onde estamos – na penúria e com cada vez menos direitos – lembrando-se de se sacudir apenas em leis que beliscavam os seus poderes, já de Alegre se pinta um quadro demasiado… como dizê-lo… cor-de-rosa, vá. Se há quadro onde não revejo Alegre, é neste que Edite Estrela pinta.

Meus caros, isto é pura e simplesmente uma trampa de campanha com todos os ingredientes do adjectivo usado: carrega as cores do adversário, suaviza e/ou altera as do defendido e ainda, não podia faltar, cultiva o medo de uma vitória do PSD com Cavaco na presidência. Como se PSD e este PS fossem tão diferentes assim.

Balelas que me fariam rir, não fosse o caso de ver este país a resvalar para um qualquer terceiro mundo graças a quem faz da política o seu modo de vida, com a coadjuvação, involuntária ou não, de quem faz da escrita o seu ganha-pão.

16 de setembro de 2010 às 12:00  
Blogger GMaciel said...

CMR, eu faria o mesmo pedido de esclarecimento, se possível cara a cara para poder ler a linguagem corporal.

:)

16 de setembro de 2010 às 12:04  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Cara a cara não será fácil pois Edite Estrela mora em Bruxelas...
De qualquer forma, já em tempos falámos (na Feira do Livro) e por mail (algumas vezes, e até a propósito de assuntos deste blogue, em que me deu razão).

É uma pessoa muito simpática mas, em termos político-partidários... Cala-te boca!

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Mas voltando ao assunto da carta:

Cavaco levantou objecções (mas depois deixou passar) o casamento gay e o Estatuto dos Açores. Mas quem (estando minimamente informado acerca do que estava em causa) não faria o mesmo?!

E recomendou o máximo cuidado nos investimentos cuja relação custo/benefício pode ser prejudicial para o país: auto-estradas, TGVs, etc.
Quanto a mim, só tenho a agradecer-lhe que o tenha feito.

Mas também percebo que Edite Estrela, vivendo em Bruxelas, tenha outra visão da realidade portuguesa.
Quanto a saber quem (ela ou Cavaco) é mais lúcido nestes assuntos, não tenho quaisquer dúvidas.

16 de setembro de 2010 às 12:35  
Blogger GMaciel said...

E recomendou o máximo cuidado nos investimentos cuja relação custo/benefício pode ser prejudicial para o país: auto-estradas, TGVs, etc.
Quanto a mim, só tenho a agradecer-lhe que o tenha feito.


Eu também lhe agradeceria se lhe reconhecesse moral para falar dos outros, infelizmente esta minha memória não mo permite fazê-lo.

Quanto a Edite Estrela, apenas conheço o que vejo nas televisões e sempre tive a impressão, que pode estar errada, de uma simpatia plástica, do tipo da figura pública que tem de parecer simpática por uma questão de imagem.

Mas isto sou eu, que para além de chaga ainda tenho a desfaçatez de desconfiar dos políticos na sua vasta maioria.

:)

16 de setembro de 2010 às 14:37  

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