23.1.10

Levante-se o réu (no YouTube)

Por Ferreira Fernandes

MAIO DE 68 produziu boas frases. Relembro esta: "Que os reitores reitorem, que os polícias policiem e que os estudantes façam a revolução." Há um aforismo português, mais curto e menos poético, que diz o mesmo: cada macaco no seu galho.
Ah, se os nossos investigadores judiciais se limitassem a investigar judicialmente! Não é por nada, mas se fossem o que são - sendo aquilo por que lhes pagamos, e só -, seriam muito. Por exemplo, bastava investigarem judicialmente Pinto da Costa - isto é, pesquisando e adequando a pesquisa às leis - e chegavam a uma destas duas situações sem ambiguidades: ou a investigação a Pinto da Costa levava-o a ser legalmente punido, ou a investigação a Pinto da Costa reconhecia que não havia ponta legal por onde lhe pegar.
Chegados a uma ou outra, os investigadores judiciais teriam sido o que são, investigadores judiciais. Porém, há um atalho muito comum por cá. Não havendo ponta legal por onde pegar o investigado (porque não há ou por o investigador não ter unhas), trama-se uma fuga. Escutas telefónicas no YouTube, por exemplo.
Mas sendo esta crónica sobre investigadores judiciais, fujo ao assunto. Já estou no domínio dos profissionais falhados. E sobre estes só há isto para dizer: não há pior do que impotentes com poder.
«DN» de 21 Jan10

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