30.1.10

A cor do dinheiro

Por João Duque

ERA A MINHA FILHA Madalena muito pequena (bebé de colo com 6 meses de idade) quando fui convidado pelo meu amigo Simão para ir almoçar a casa dele. O Simão era um bom amigo moçambicano. Para um cego, ele era exactamente igual a qualquer outro homem, mas, para uma pessoa dotada de visão, tinha um aspecto diferente do meu: era de uma raça diferente.

Chegados a casa do Simão, a mulher, que adorava crianças, tirou-me a Madalena dos braços, mimando-a com o melhor sorriso do mundo e dois beijinhos afectuosos e redondos, aconchegando-a num colo tão fofo e aninhado como só uma mãe africana tem e sabe dar. Em resposta, a Madalena desatou num choro, assustado. Era a primeira vez que a Madalena estava ao colo de uma pessoa de uma raça diferente e amedrontou-se. (...)
Texto integral [aqui]

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3 Comments:

Blogger Ribas said...

O perigoso é que, infelizmente, nem sempre os filhos criados no aconchego do colo, dessas boas mães africanas, dão em dóceis criaturas.
O dinheiro não tem cor, mas Angola não é muito simpática para o próprio povo.
Que garantias nos pode dar?
E se Angola, depois de conquistar hegemonia nas nossas empresas, puxar o tapete?
Depois aquecemos as mãos com o quê?

30 de janeiro de 2010 às 20:56  
Blogger Catarina said...

Parte deste seu post, referente à Madalena, fez-me recordar um (dos vários!!) comentário do meu filho quando tinha uns 3 anos. Um familiar tinha estado a passar umas semanas na praia e, evidentemente, quando regressou vinha bronzeada. Perante a pergunta do meu filho aludindo à nova cor da tia, expliquei-lhe que estava bronzeada.
Umas semanas depois, encontrávamo-nos numa sala de espera onde estavam muitas pessoas de raça negra e indianas. O meu filho, na sua ingenuidade, pergunta alto e bom som: Estas pessoas também foram à praia? Estão todas bronzeadas!
Silêncio... nem um comentário se ouviu!

30 de janeiro de 2010 às 21:06  
Blogger GMaciel said...

O dinheiro não tem cor? Lamento, mas discordo. No caso de Angola tem as cores da fome, da corrupção e da opressão.

Angola é um dos países mais ricos do continente africano, mas toda a riqueza produzida vai para os bolsos de uma família.

Investimento angolano? Para quê e a que preço? Para depois, e a coberto da síndrome do colonialismo, o "riquíssimo" Estado português emprestar, via FMI, 140 milhões de Euros para que a "paupérrima" Angola consiga fazer face à sua dívida externa?

A realidade é uma trampa, não é?

31 de janeiro de 2010 às 14:00  

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