23.8.09

Do livro e da leitura

Por António Barreto

QUANDO OS ORGANIZADORES deste congresso (*) me convidaram a participar, a minha resposta foi rápida e afirmativa. Além da personalidade dos editores em causa, a palavra “livro” bastava. Só mais tarde, depois de os ouvir e de ver o programa de trabalhos, tive uma sensação estranha, confirmada, aliás, por artigos publicados em jornais e nos quais se fazia uma espécie de radiografia económica de um moribundo: o sector do livro. A estranha sensação resume-se em poucas palavras: será que vamos festejar um animal em vias de extinção? Será que o livro, o editor, o livreiro, para não dizer o escritor, cabem nessa designação? Não seria surpresa total, neste mundo em que as catástrofes se sucedem, da camada de ozono às pegadas de dinossauro, das espécies vegetais ameaçadas pelas auto-estradas às gravuras paleolíticas ou ao simples artesanato.

Depressa me convenci que a sensação era passageira. O livro veio, há muito, para ficar. E nada o retirará da nossa vida em comum. Vivemos, isso sim, uma transição difícil, na qual as reconversões são penosas e as mortes inevitáveis. Não só os editores e os livreiros terão de mudar, mas também os escritores e os leitores. Quer dizer, é o livro que está em mudança. E mudará tanto melhor, quanto soubermos fazer o novo e guardar o essencial. (...)

Texto integral [aqui]

Etiquetas:

1 Comments:

Blogger Luís Bonito said...

Como é de livros que o texto trata e como estamos em época de livros e manuais escolares, resolvi comentar.
No ano passado li no jornal Público(5 Set.) o seguinte:
”Famílias gastam 80 milhões de euros em manuais "obrigatórios" no regresso às aulas.
As famílias portuguesas deverão comprar em Setembro cerca de dez milhões de manuais definidos pelas escolas como "obrigatórios". O regresso às aulas para os mais de 1,4 milhões de alunos faz movimentar todos os anos um negócio de milhões.”

Na Alemanha os alunos (do ensino secundário) podem, mediante uma quantia relativamente pequena (50 euros), levantar por empréstimo TODOS os manuais escolares que precisam. Quem quiser pode também comprar, mas a grande maioria levanta os livros na biblioteca da escola.
Claro que para isto ser possível é necessário haver estabilidade de programas escolares, de forma a permitir a continuidade e reutilização dos livros.

23 de agosto de 2009 às 19:50  

Enviar um comentário

<< Home