26.6.09

A colocação e os produtos

Por Joaquim Letria

O NOSSO BEM AMADO primeiro-ministro disse em Bruxelas, para os jornalistas portugueses que lá trabalham e para os outros que levam e mandam ir daqui, que “as acções do Governo começam a dar fruto”.

Nós, por cá, não sabíamos, mas este atraso agrícola devia ser um problema de adubo. Bem podia José Sócrates ter aproveitado o estrume de quatro anos de governo para ter mais sucesso e mais rapidamente, possivelmente com mais duma colheita anual. Mas sem desfazer o “suspense”, o nosso querido chefe adiantou que “os resultados (das acções do governo) não tardarão a aparecer”.

Todos nós vimos o primeiro ministro a dizer estas coisas na TV. O que, de modo nenhum, não temos o direito de estranhar. Desde Maio que os canais generalistas portugueses de TV assinalam a presença de publicidade no interior de certos programas.

Como eles próprios explicam, trata-se da “auto-regulação da colocação de produtos”. Portugal foi o primeiro Estado europeu a definir como as suas TVs podem fazer publicidade encoberta. No Reino Unido, tal prática é totalmente proibida. Cá, não nos podemos queixar. Só precisamos de arranjar produtos que não nos envergonhem.

«24 horas» de 26 de Junho de 2009

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