27.5.09

Frutos

Por João Paulo Guerra

O caso dos radares que deveriam vigiar a costa portuguesa, ontem relatado pelo DN, confirma o diagnóstico: Portugal está transformado numa caricatura de país.

AQUI SÓ FUNCIONAM a sério, sem entraves e até com facilidades, as negociatas e só se apresentam limpos os ramos de actividade insuficientemente investigados. A missão dos sete radares seria a vigilância da costa em relação às ameaças de traficantes, contrabandistas e até - imagine-se! - terroristas. Pois dos sete radares, cinco estão desligados e dois só funcionam às vezes, porque caducou e não foi renovado o contrato de manutenção. De maneira que na era dos radares, Portugal vigia a costa... com binóculos. Nem sequer é como nos tempos dos piratas: é de dia, por turnos e nos horários normais de expediente.

De onde se conclui que a grande paranóia da vigilância tem excepções. Portugal encheu avenidas de cidades de radares que não servem praticamente para nada, mas deixou paralisar os radares que vigiam uma costa marítima de dimensão imensa. Quer isto dizer que o que verdadeiramente preocupa os maníacos da vigilância não é a segurança do país ou das pessoas. É a montagem de uma rede, para o que der e vier, para manter os cidadãos sob observação do ‘Big Brother'. Ou seja: a paranóia da vigilância deu lugar à psicose da espionite.

O escritor norte-americano O. Henry inventou a expressão República das Bananas por referência às Honduras, no início do século passado. Hoje, o escritor chegaria à conclusão que não é a produção bananeira, nem sequer a United Fruit Company, que fazem tal tipo de República. Qualquer tipo ou casta de mamão, quaisquer frutas ou frutos, deiscentes, indeiscentes ou indecentes se podem aplicar ao rótulo desta República

«DE» de 27 de Maio de 2009

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1 Comments:

Blogger Buriti said...

Podemos fazer uma adaptação e chamar-lhe República do Figo-de-Pita. É um fruto que há em Portugal e só algumas pessoas conseguem tragar. Para além do mais, dizem que faz prisão de ventre. Imagine a cara de quem o come.

Pergunto-me se isto alguma vez vai acabar!

27 de maio de 2009 às 18:22  

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