24.4.09

Estradistas

Por João Paulo Guerra
Muito sugestiva a imagem usada pelo primeiro-ministro, na entrevista à RTP, sobre as relações do Governo com o Chefe de Estado: “Em política cada um pedala a sua própria bicicleta”.
MUITO SUGESTIVA mas não totalmente fiel à pedalada da política portuguesa nos últimos três anos. O velocípede, comum a Belém e São Bento, não tem sido a bicicleta mas o ‘tandem' - 2 selins, 4 pedais - embora nem sempre com pedalagem sincronizada.
É possível que daqui até às eleições - com três contagens para o prémio da montanha - cada um pedale em sua direcção, com vista a melhorar a classificação geral colectiva, por equipas. Mas durante as etapas dos últimos anos o PSD furou várias vezes e atirou mesmo alguns líderes para o carro-vassoura, pelo que é evidente que precisa que um reboque ou de um empurrão para chegar à meta. E o PS quer ganhar tudo, individualmente e por equipas, mais o prémio da montanha e as metas volantes. Mas até agora não tem havido contra-relógio, nem sequer verdadeira competição entre os dois estradistas.
Pelo contrário. Até ao momento cada um tem dado ao pedal consoante a pedalada do outro. E é mesmo de crer, no que diz respeito à equipa de São Bento, que nenhum outro competidor lhe consentiria tantas e tais fugas em frente. É questão de cada um recordar o quadro da pré-selecção para Belém. Que outro corredor faria tão perfeita parceria com a bicicleta de São Bento? Nenhum, naturalmente.
Pode bem acontecer que as bicicletas entrem em pista nesta fase para o ‘sprint' eleitoral. Até pode suceder que, no pós-eleitoral e em função dos resultados, as bicicletas venham a dar lugar ao triciclo. Mas até agora, e para lá de um ou outro truque de ilusionismo, o ‘tandem' tem sido o veículo da coabitação.
«DE» de 24 de Abril de 2009

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1 Comments:

Blogger Sepúlveda said...

Esse é que é mesmo o problema: é andarem de bicicleta a velocidades de bicicleta, claro está. É que se os chefes do Estado vão de bicicleta, os restantes políticos e amigos vão de trotineta e o cidadão comum vai a pé, certamente.
Os pneus não estarem furados já é uma sorte. Mas não se pode dizer o mesmo das minhas solas dos sapatos.

Bom fds

24 de abril de 2009 às 18:54  

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