18.3.09

O Papa, a solução e o problema

Por Ferreira Fernandes
«DISTRIBUIR preservativos não é solução», disse o Papa Bento XVI, nos Camarões.
A posição da Igreja Católica sobre as relações sexuais é conhecida: ela deve ser praticada só por um homem e por uma mulher que tenham contraído casamento antes. No que diz respeito ao combate à sida, parece de eficácia irrefutável. Se a sida se propaga sobretudo pelas relações sexuais, se estas só se efectuarem entre cada casal, um transmissor de sida só infectará o cônjuge. Caso este morra, o sobrevivente terá de arranjar outro (a) companheiro (a) legítimo (a) para fazer nova vítima. Entretanto, lá no bairro certamente que já se desconfiará deste (a) viúvo (a) a repetições e duvido que haja mais casamentos com ele (a). Quer dizer, com esta posição da Igreja Católica sobre o sexo, a sida haveria de parar bem rápido.
Há um porém neste raciocínio. E ele não está na conclusão: sim, a sida pararia se, havendo sexo, só fosse no casamento. O porém está no facto de haver sexo fora do casamento e muito. E como é assim, dizer que o preservativo, que diminui a transmissão, não é solução, passa a ser problema.
No combate à sida, é isso que o Papa é: problema.
«DN» de 18 de Março de 2009

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3 Comments:

Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

O problema não se esgota no facto de um cônjuge infectar "apenas" o outro, ficando a SIDA restrita ao casal: a mulher infectada transmite o vírus também aos filhos que venha a gerar.

18 de março de 2009 às 11:01  
Anonymous Anónimo said...

O que o Papa foi dizer é um atentado à saúde.

18 de março de 2009 às 20:35  
Blogger Manuel Brás said...

Com ele atravessado
sem o conseguirem engolir,
este pensamento devassado
a razão não deve obstruir!

O mexilhão prevenido,
com uns quantos na carteira,
ficará mais desprendido
de cometer uma besteira!

19 de março de 2009 às 10:15  

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