17.3.09

Encomenda

Por João Paulo Guerra
Notícias recentes permitem uma denunciativa leitura das políticas do país, venham elas de que cores vierem, pois não há diferença essencial entre o rosa pálido socialista moderno, o laranja desmaiado sócio-democrata e o furta-cores popular.
DIZIAM AS NOTÍCIAS: ponto 1 - a criminalidade registou o maior crescimento dos últimos dez anos em Portugal; ponto 2 - a PJ vive em gestão e perdeu 300 investigadores nos últimos 4 anos; ponto 3 - nos últimos cinco anos, centenas de agentes e graduados da PSP concorreram a outros cargos na administração pública, insatisfeitos pela falta de progressão na carreira e revoltados com os baixos ordenados; ponto 4 - lá para o Outono chegará o primeiro de dois submarinos encomendados quando era ministro da Defesa o dr. Portas e ninguém sabe como pagar os 900 milhões da factura. Eram 800 milhões quando da encomenda mas estes submarinos derrapam imenso.
Ou seja: Portugal tem andado a ser governado ao Deus dará. Encomendam-se submarinos - que a própria NATO disse que Portugal não precisaria deles para nada - e depois não há dinheiro para manter a segurança mais elementar das pessoas. E mais: cinco anos depois de assinar a encomenda dos submarinos, o dr. Portas anda a arengar aos portugueses sobre a falta de segurança, como se tivessem sido os portugueses comuns, os que votam e pagam as facturas, que tivessem esbanjado em submarinos e outra tralha armamentista o dinheiro que estava de parte para as lides da segurança doméstica.
Se existisse um apetrecho para avaliar a eficácia das políticas e a adequação dos discursos aos efeitos anunciados ou simplesmente prometidos, de uma coisa estavam os portugueses livres: dos políticos repetentes que lhes atazanam o juízo.
«DE» de 17 de Março de 2009

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1 Comments:

Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Não tenho especial simpatia por Portas, mas a verdade não é tão simples, pois quando ele chegou a Ministro da Defesa já não era possível travar a compra dos submarinos, um processo que já vinha do tempo de Guterres e estava, nessa altura num ponto de não-retorno.

O problema sério é o das contrapartidas (que pagariam a despesa) se elas não avançarem (como se farta de dizer Henrique Neto).
Acompanhei esse assunto bem de perto e durante muito tempo, dado que, no tempo de Guterres, trabalhei numa das empresas que faziam parte de um ACE (o SUBNACE) que deveriam beneficiar com essas contrapartidas.

Note-se ainda que Guterres queria 3 submarinos (três!), número que Portas ainda conseguiu reduzir para 2.

Num outro plano, há ainda o problema das comissões, mas isso "são outros quinhentos"...

17 de março de 2009 às 12:41  

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