24.2.09

Curtas-letragens - “Carrnaváu”

Por Miguel Viqueira
“OLHA SÓ dona Marrta...!” era o remoque favorito a propósito de tudo e de nada da “faxinêra” da dona Marta, “nega” carioca de grande pandeiro, que mais que andar se contornava ao deslocar-se, risonha mesmo quando não ria, de grandes dentes alvos e olhar fundo debaixo do lenço atado na nuca e que passava o dia nestas e noutras lamentações que mais pareciam já uma cantilena amável, um traço de identidade inconfundível.
Um dia chegou acabrunhada, olha só dona Marrta, e não parou de se lamentar, a fazer tudo ainda em marcha mais lenta, até que para o fim do dia a dona Marta lhe arrancou o olha só. O pai estava doente, muito doente. E logo agora, vésperas do “carrnaváu”...! Conselhos, recomendações, promessas de que tudo se comporia, você vai ver, conseguiram arrebitar a “faxinêra” que voltou para a favela um pouco menos olha só dona Marrta. (...)
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