18.12.08

Muleta

Por João Paulo Guerra
O dr. Pedro Passos Coelho acaba de dizer aquilo que eu ando a escrever nesta coluna há meses.
COM UMA DIFERENÇA: o dr. Passos Coelho põe a questão no tempo condicional e eu escrevo no pretérito perfeito e no presente. O dr. Passos Coelho diz “Se…”. Eu escrevo “Já foi… e é”. E falamos de quê? Ora ainda bem que me fazem essa pergunta.
Falamos do espaço do PSD que o PS ocupou, escrevo eu, ou que ocupará se…, escreve o dr. Passos Coelho. “Se o PSD não assumir uma agenda reformista que seja verdadeira alternativa aos socialistas, coloca-se à mercê do PS, não passando de uma muleta deste”, diz o dr. Pedro Passos Coelho. A verdade é que o PS já ocupou o espaço, a agenda, o programa de governo, algumas referências e até aliados do PSD. E que o PSD se tem limitado a ver passar os comboios com os líderes apeados que regressam a penates por falta de material para se assumirem como oposição. O dr. Passos Coelho, aliás, talvez espere ver passar num desses comboios a dra. Manuela Ferreira Leite, que lhe conquistou a liderança do PSD e que parece não saber agora o que fazer com ela.
Mas seria interessante saber o que faria o dr. Passos Coelho como líder da oposição, com o PS a governar no espaço do PSD. Certamente faria melhor do que todos aqueles que não têm conseguido fazer nada. Porque a verdade é que não há nada para fazer no PSD, quando o PS, no governo, faz tudo o que caberia fazer à direita ou, como diz o dr. Passos Coelho, a “uma agenda reformista”. Na revista da política à portuguesa, o PS faz de ‘compère’, dando sequência ao espectáculo, e o PSD de “discípula”. E o que é a “discípula” em relação ao ‘compère’? Uma muleta: dá as deixas para o ‘compère’ brilhar e apaga-se discretamente no momento dos aplausos. Cai o pano.
«DE» de 18 de Dezembro de 2008

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