20.10.08

Piratas

Por Joaquim Letria
PASSEI A INFÂNCIA a ler histórias de piratas, a ver filmes com o Errol Flynn e a admirar Sir Francis Drake. Não esperava chegar a velho a simpatizar de novo com os piratas e até a preferi-los a banqueiros, políticos e reguladores financeiros.
Os flibusteiros do Golfo de Aden já não são os antigos piratas da perna de pau, de olho de vidro e cara de mau. São sofisticados cavalheiros que, quando abandonam as lanchas rápidas e as sumptuosas vivendas com vista para o mar nas costas da Somália, vestem os seus Armani em Abu Dabi ou no Dubai, usam computadores portáteis e telefones-satélite, negoceiam com inteligência e tratam da vida com dinheiro à vista e sem bancos nem sistema judiciário a encarecerem a vida de quem trabalha.
Este ano, abarbataram 63 navios que lhes renderam dezenas de milhões e negoceiam em tudo: ajuda alimentar da ONU, 374 reféns, cargueiros com químicos, 33 tanques T-72, 150 lança-granadas, artilharia anti-aérea e munições para todos os gostos. Os maiores!
«24 Horas» de 17 de Outubro de 2008

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1 Comments:

Blogger Táxi Pluvioso said...

E Portugal com tanta costa para a pirataria.

22 de outubro de 2008 às 05:23  

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