25.7.07

Woody Sócrates

Muito se tem falado, ultimamente, do facto de o Governo ter pago 30 euros a cada criancinha para fazer de figurante numa sessão de apresentação do Plano Tecnológico - tal como, dias antes, alguém pagara excursões a cidadãos de Teixoso, Cabeceiras de Basto e Alandroal para virem a Lisboa festejar a vitória de António Costa.
Ambas as rábulas me fazem lembrar uma famosa cena do filme «O Inimigo Público», em que Woody Allen nos revela que teve uma infância tão infeliz, que a mãe até tinha de pagar aos miúdos lá da rua para brincarem com ele...
CMR
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SIMS, SR. PRIMEIRO-MINISTRO

Por Alberto Gonçalves

PARA ELEVAR PORTUGAL ao topo da modernização das escolas e suscitar a inveja da Terra, o Governo lançou o Plano Tecnológico para a Educação. A nova maravilha, que envergonha o Taj Mahal, custa 400 milhões de euros e, nos pormenores, visa aplicar às criancinhas os métodos de controlo paternal que o Governo tem disseminado entre os adultos: cartões electrónicos, câmaras de vigilância, etc.
O fundamento do projecto, porém, reside na informatização das salas de aula, que não têm aquecedores mas terão computadores e um "quadro interactivo". Estas duas miraculosas conquistas da ciência permitem que os petizes façam um exame sem recorrer à expressão escrita ou oral, de resto em desuso: basta carregarem num botão e as respostas surgem no tal ecrã digital.
E serão as respostas correctas? Após densa investigação, os peritos do ministério da Educação descobriram que o velho quadro de ardósia, os cadernos, os lápis e os afias são parcialmente responsáveis pela miséria do sistema escolar. Sucede que os alunos também não ajudam, e convinha trocá-los uma alternativa qualquer. Na apresentação do referido Plano, o eng. Sócrates deu o exemplo, ao dirigir-se a uma turma de figurantes contratados por uma firma de casting para substituir os tradicionais, e anacrónicos, discentes.
É um pequeno avanço. Não é o progresso desejado. Mesmo ensaiados, os figurantes ainda são de carne e osso, logo permeáveis a lapsos, como o de revelar às televisões que estavam ali a pretexto de um telefonema da agência e de 30 euros. Mediante um investimento adicional, é forçoso aproveitar o frenesim tecnológico e alargar a informatização das escolas a tudo o que nelas se mova.
«DIAS CONTADOS» - «DN» de 29 de Julho de 2007 - [PH]

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2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

É verdade.
Que triste.

25 de julho de 2007 às 23:17  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

teste

7 de agosto de 2007 às 19:40  

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