28.1.07

Predestinados

AVISO JÁ que este enredo se desenrola entre personagens que não são santos da minha devoção.
Mas sucede que voz amiga me sugeriu a visita a um blogue unipessoal que eu não conhecia - o "luisfilipemenezes" - para que lesse um texto intitulado "Novo terramoto de Lisboa", no qual o unipessoalizado em título comenta a catástrofe em curso na Câmara Municipal da capital.
Assim fiz e eis o que encontrei. Luís Filipe Menezes, autarca de Gaia e candidato confesso à liderança do PSD, extrai dos factos lisboetas uma útil doutrina em cinco pontos. Vejamos.
Primeiro: não há nada a dizer sobre a constituição de dois arguidos, que até se leva à conta do nosso "furor justicialista" e de uma "cultura generalizada da suspeição".
Segundo: Marques Mendes não apoiou Valentim Loureiro e Isaltino Morais e impôs a Santana Lopes (e ao partido e à cidade) a candidatura de Carmona Rodrigues.
Terceiro: assim, MM "assumiu por inteiro a candidatura a Lisboa, responsabilizando-se pessoalmente pela constituição da equipa, de toda a equipa, pelo que teria de ser um inevitável sucesso de um novo paradigma de gestão autárquica", não podendo, por isso, tirar agora o cavalo da chuva.
Quarto: LFM não defende eleições intercalares, mas sim que "os principais responsáveis do estado a que se chegou devem assumir as suas responsabilidades".
Quinto: mais concretamente, MM deve "assumir por inteiro as consequências políticas da sua decisão de há dois anos", demitindo-se.
Esta doutrina reveste-se de grande desenvoltura moral e de assinalável audácia no plano da lógica formal. Porque estabelece uma cadeia de juízos sem elos. A vereadora, muito para além da mera presunção de inocência, é afinal a vítima dos estranhos e referidos furores e culturas. Sendo assim, o episódio em causa não deveria servir para ilustrar "o estado a que se chegou", que é o fundamento de uma severa apreciação de CR, mas que não chega ao ponto de o mandar, expressamente pelo menos, "assumir responsabilidades". Ora, sem admissão de culpas para a vereadora e sem equacionar sequer a demissão de CR, de que é que MM deveria tirar ilações? Se estamos perante, mais do que de uma aberrante cumplicidade num crime sem autoria, a própria inexistência de crime, por que bulas iria então MM demitir-se, a não ser para abrir as grandes alamedas do glorioso destino que LFM entende ser o seu?
Há políticos cujo sentido de serviço se circunscreve a servirem de chefes aos que os servirem a eles.
«DN»- 28 Jan 07

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3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

LFM pertence ao grupo de Santana Lopes, M. M.Carrilho e tantos outros:

O PNSE - Partido dos que Não se Enxergam

28 de janeiro de 2007 às 14:13  
Anonymous Anónimo said...

Luis Filipe Menezes aposta na memória curta. Mas há quem se lembre perfeitamente daquela diatribe, durante o Congresso do PSD, no Coliseu de Lisboa, em 1995, em que o complexado político nortenho acusou (!) uns quantos companheiros do partido de serem "sulistas, elitistas e liberais".

Quem uma vez disse uma coisa destas não pode candidatar-se a líder de um partido que cobre o todo nacional.
Patrício

28 de janeiro de 2007 às 17:02  
Blogger FR said...

Tanta conversa para apenas dizer que quer a demissão do Marques Mendes, porque os lisboteas que se lixem.

7 de fevereiro de 2007 às 15:21  

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