24.7.06

Pernalonga (*)

A CRER nos resultados de um inquérito recentemente realizado, os filhos dos franceses medem hoje dois centímetros mais, em média, que os seus pais mediam quando tinham a mesma idade. Este aumento reforça os resultados de muitos outros inquéritos conduzidos por todo o mundo. Franceses, finlandeses, chineses, brasileiros... todos os povos estão a crescer, alguns espectacularmente. Os japoneses aumentaram dez centímetros em dez anos. Cerca de 20% dos dinamarqueses, suecos e noruegueses mede já mais de 1,90 m. Algumas coisas têm de mudar, mas talvez menos do que à primeira vista se pensa.

O promotor do recente inquérito foi o Instituto Francês dos Têxteis e do Vestuário (IFTH) e o seu interesse é óbvio: adaptar as roupas aos tamanhos das pessoas. Assim, este inquérito fez muito mais do que medir a altura total dos cidadãos. Foi medir as diversas partes do corpo e confirmou outro dado interessante já obtido noutros estudos: o que se alonga são os membros; o torso mantêm-se quase constante. Por isso, há uma série de equipamentos que pouco têm de mudar. A altura interior dos automóveis, por exemplo, pode manter-se, pois as pessoas sentadas não ficarão muito mais altas do que já são.

Será interessante comparar as actuais proporções humanas com o ideal que o arquitecto romano Vitrúvio descreveu cerca de 27 a.C. na sua obra «Dez Livros de Arquitectura», agora traduzida e editada em português pela IST Press. Tal como será interessante compará-las com o ideal de Leonardo desenhado no seu «Homem de Vitrúvio», que não corresponde exactamente ao descrito pelo seu epónimo. Ou fazer a comparação com a proporção dourada, que muitos dizem ser a proporção natural do ser humano. Frente a estes arquétipos, começamos a ter pernas demasiado longas.

(Adaptado do «EXPRESSO»)