26.7.06

Os grilos são termómetros (*)

NA SEMANA passada, ao passear por uma livraria, reparei num livro curioso: «Los Grillos Son Termómetros». É um título excelente. Chamou-me a atenção e fui ver do que se tratava.

O tema do título apenas aparece referido de passagem. Mas descobri depois que é muito explorado nas escolas norte-americanas para envolver os jovens na observação e no cálculo. O princípio é simples: os intervalos entre as estridulações dos grilos são função da temperatura exterior. Quanto mais quente estiver, mais frequentes são. Mede-se pois a frequência dos grilados e estima-se a temperatura.

O tema começou a ser estudado nos princípios do século XX. Num artigo publicado em 1924, o biometrista norte-americano Crozier revelou múltiplas medidas que tinham sido feitas por diversos investigadores e que mostravam que a temperatura influencia o metabolismo dos animais, acelerando-o. Entre essas medidas estava o grilar dos grilos.

Observações posteriores refinaram bastante estes estudos. Houve cientistas que notaram diferenças entre espécies distintas de grilos e intervalos diversos de temperatura. Os grilos não são termómetros rigorosos, como é natural. O surpreendente é que possam funcionar como tal.

A explicação parece estar num fenómeno descrito pela chamada equação de Arrhenius: a velocidade das reacções químicas é função exponencial do inverso da temperatura absoluta. Para os intervalos das temperaturas ambiente, esta relação pode ser aproximada por uma função linear, de onde resulta uma fórmula simples:
O número de grilados em 15 segundos adicionado de 5 dá a temperatura em graus Celsius.
Fica pois a saber, leitor. Nos dias quentes de verão basta-lhe um grilo e um relógio para medir a temperatura.
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(Adaptado do «EXPRESSO»)