25.3.06

O fim duma era?

É NATURAL que haja alguma estupefacção entre os urbanos leitores de jornais, ao verem o mundo rural agitar-se como tem acontecido nos últimos dias. Para quem tenha um mínimo de informação política, a surpresa ainda é maior. Como é possível o actual ministro da agricultura ter contra ele a CAP, uma confedereação sempre apoiada nos partidos da direita e, ao mesmo tempo, também ter em pé de guerra contra a sua política a CNA, liga camponesa conotada com o Partido Comunista?

Como conseguiu este ministro, de perfil discreto, treino e formação burocrática, pôr todos de acordo contra si? Que guerra é esta ao redor duma agricultura destroçada ao longo dos últimos anos, a ponto de importarmos quase tudo que comemos?

Esta deve ser uma história interessante, a cheirar a dinheiro e ao fim duma era, com resmas de subsídios daqueles que foram levados sempre pelos mesmos, poucos, e que põe os alentejanos mais velhos a sorrirem, sábios e manhosos, quando os vêem passar na estrada, nos seus automóveis ou jipes de luxo:

- Lá vai o IFADAP...

«25ª HORA» - «24horas» 23 Mar 06

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4 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Deliciosamente caricato:

Esta semana, na SIC-N:

As "queques" Ana Drago e Maria José Nogueira Pinto a discutirem a vida do povo rural.

E sem se rirem!

C.R.

25 de março de 2006 às 15:10  
Blogger maloud said...

A minha família teve e tem quintas no Douro. Desde sempre os ouvi dizer que as quintas eram um comércio sem telhado. Há 20 anos o comércio passou a ter telhado. Chamava-se CEE. Pelo que vou sabendo, afinal sou parte interessada, parece que as telhas vão ser mais distribuídas. Há quem vá apanhar sol e chuva e já não esteja habituado.

25 de março de 2006 às 16:12  
Anonymous Anónimo said...

Quando se vê os habituais subsidio-dependentes da "nossa" agricultura, reclamarem a demissão do Ministro da tutela, qualquer coisa está a ser alterada, para eles claro. Será que agora os dinheiros fáceis vão acabar? Estou de acordo numa questão com o ministro da Agricultura: o que deve ser premiado é o mérito de quem produz e não o desleixo de quem nada faz.

26 de março de 2006 às 21:58  
Anonymous Anónimo said...

Nesta guerra dos agricultores contra o ministro não está em causa a habitual defesa dos privilégios.
Trata-se, simplesmente, do facto de que este ministro se recusa a respeitar compromissos contraídos em nome do Estado pelo anterior.

Isso foi bem explicado por M. Rebelo Sousa no passado dia 26e também no Editorial do Público de 28 Mar.

O calote, ainda por cima, é com efeitos retroactivos.

C.R.

28 de março de 2006 às 13:43  

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