24.2.06

Os brincalhões

SEM FAZER quaisquer considerações acerca dos lucros dos bancos ("faraminosos", como diz um amigo meu...), matutemos no seguinte:

Esta gente andou a gabar-se, e com razão, da nossa (deles...) rede de máquinas ATM - uma coisa muito boa para toda a gente, incluindo os bancos.

Agora saem-se com esta:

(Jornal «metro» de hoje)

12 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Há tempos isto foi falado (para ver se pegava?) e lembro-me de ver Luis Delgado defender e aplaudir esta medida.

24 de fevereiro de 2006 às 13:47  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Moro por cima de uma agência do Totta & Açores.

Um dia destes, descobri que, para fazer uma transferência bancária pela NET, me haviam passado a cobrar 1,56euros.

Passei então a descer as escadas e a fazer o mesmo na máquina ATM do mesmo Totta.
À borla e ainda me dão recibo.

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Não basta fazer "coisas novas".
É também preciso acarinhá-las.

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O que se passa (pela negativa) com os cartões PMB e Netpost é paradigmático:

O segundo custa 5,49 euros, mas não entra em nenhum quiosque, e na estação dos CTT da Av. Roma nem sabem o que é!

24 de fevereiro de 2006 às 14:00  
Anonymous Anónimo said...

pensei que o intuito das caixas MB, alem de permitir a utilização 24/24, era também o libertar os balcoes (mais caros pois necessitam de pessoas) de publico, mas se querem regredir e fazer com que passe a ir para a fila, para levantar 20 €...

quanto as taxas de transferencia via internet... são simplesmente ridiculas, opero com 2 bancos, a CGD que nao cobra taxas de tranferencia, e com um outro que cobra... resultado, quando preciso de tirar dinheiro de lá... multibanco...

24 de fevereiro de 2006 às 15:43  
Blogger pedro oliveira said...

Aquilo que se discute é o pagamento de operações em terminais que não pertençam ao Banco.
Assim se um cliente da CGD, SA utilizar o seu cartão nas máquinas da CGD, SA não lhe será cobrada qualquer comissão mas se o utilizar numa máquina do Totta ser-lhe-á cobrada.
Essas comissões já existem, actualmente, só que os bancos não as endossam aos clientes. Do mesmo modo que são cobradas comissões aos comerciantes pelos pagamentos efectuados com cartões.
Assim eu ao comprar um livro que custe 10 euros e ao adquiri-lo com recurso ao multibanco, o livreiro tem o lucro menos a comissão (50 cêntimos, digamos) que terá de entregar ao banco pela prestação de serviço.
Porque não questionarmos o porquê dos comerciantes não efectuarem esse desconto ao cliente sempre que o produto seja adquirido com notas ou moedas?

24 de fevereiro de 2006 às 18:28  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Pedro Oliveira,

A pergunta final tem lógica mas, até certo ponto, seria "andar para trás", na medida em que o "dinheiro de plástico" aumenta as garantias de quem recebe (face ao cheque, pelo menos), a segurança (assaltos), resolve o problema dos trocos, etc.

No caso de compras em divisas, resolve ainda o problema dos câmbios e das sobras das moedas.

Portanto, à 1ª vista, devia ser exactamente ao contrário:
O comércio podia fazer descontos (nem que fossem simbólicos) a quem pagasse com cartão (em vez de dinheiro ou cheque).

Pelo menos o meu barbeiro agradece que o faça (mesmo perdendo a pequena percentagem envolvida).

Também na RFA, os táxis agradecem que se pague com cartão,
A BRISA, as bombas-de-gasolina e os parques-de-estacionamento onde ela é aceite, ganham muito com a Via-Verde, etc

24 de fevereiro de 2006 às 18:43  
Blogger pedro oliveira said...

A pergunta era, meramente, retórica.

«Um dia destes, descobri que, para fazer uma transferência bancária pela NET, me haviam passado a cobrar 1,56euros.

Passei então a descer as escadas e a fazer o mesmo na máquina ATM do mesmo Totta.
À borla e ainda me dão recibo.»

Esta situação que relatou é, quase anedótica, esperemos que algum responsável pela instituição citada seja leitor do "Sorumbático" e que as coisas mudem.
Como confidenciou um comentador na CGD, SA este tipo de transacções são gratuitas.
Há situações que passarão pela nossa capacidade de enquanto clientes, num sistema de concorrência, optarmos pela instituição que melhor responda aos nossos anseios.
Os bancos não são uma associação de malfeitores mas, também, não são instituições de caridade.
Quanto à opção entre "cash" ou utilização de cartões cada cliente bancário e cada comerciante optará pelo meio que for mais cómodo, mais fiável e mais seguro.
Quanto aos cheques, actualmente, são um meio de pagamento à beira da extinção. Nenhum comerciante é obrigado a aceitá-los e a lei atira com a culpa para o aceitante.
Na República Portuguesa não está prevista a pena de prisão por dívidas.

24 de fevereiro de 2006 às 19:17  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

«Na República Portuguesa não está prevista a pena de prisão por dívidas».

RE: Na Inglaterra, pelo menos até no séc XIX, havia mesmo estabelecimentos prisionais só para devedores e caloteiros.
Os presos vinham para as janelas gradeadas pedir esmola aos passantes para as pagar. Presumo que só saíam depois disso...

24 de fevereiro de 2006 às 19:27  
Blogger pedro oliveira said...

Caro, Bernardo Moura

O seu comentário vai, precisamente, ao encontro do meu. Diz: "tenho o sistema de pagamento por multibanco, que lhe garanto que só me traz prejuizos" ou seja confirma o que eu tinha dito, que os comerciantes pagam aos bancos pela utilização dos terminais de pagamento automáticos (TPA).
Posso estar a raciocinar mal mas o meu raciocínio é este: se o senhor vende um livro por 10€ e tem um lucro de 2€ e desses 2€ paga 0.50€ ao banco por comissão da utilização do TPA o seu lucro é, apenas, de 1.50€ se o cliente pagar em "cash" não paga nada ao banco e embolsa 2€, parece-me claro.
Há, no entanto, comerciantes como o barbeiro de Carlos Medina Carreira que preferem ter um lucro menor e que o dinheiro vá direitinho para a conta.

No Público de hoje (p.33), Carlos Rosado de Carvalho diz: «nas comissões sobre os levantamentos no mutibanco, os bancos fazem-me lembrar os passadores de droga. No princípio fornecem o produto praticamente à borla; quando o cliente está viciado cobram-lhes o couro e o cabelo».
Com a discussão a atingir este nível, já me estou a mentalizar para ver o dinheirinho dos meus impostos a ser aplicado nas clínicas de reabilitação para os utilizadores compulsivos de multibancos.

25 de fevereiro de 2006 às 13:21  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Pedro Oliveira,

Correcto.

O homem do talho onde vou tb prefere o pagamento por MB porque as contas acabam quase sempre em "valores esquisitos" e tem grande dificuldade nos trocos.

--
Em termos mais "filosóficos":

Desde a pré-História (em que se faziam trocas directas, antes da invenção do dinheiro) até hoje, sempre se tem caminhado para a "desmaterialização" das formas de pagamento:

Troca de objectos > conchas-moeda > moedas metálicas COM valor intrínseco > moedas SEM valor intrínseco > papel-moeda > cartas-de-crédito > cheques > cartões > transf por MB> transf. por Internet, etc.

Pode voltar-se atrás num ou noutro caso, mas o caminho principal será esse.

25 de fevereiro de 2006 às 13:37  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

NOTA:

No texto do "post" consta uma palavra inexistente: "faraminosos".
Trata-se de uma paródia à palavra francesa "faraminuex", "fabulosos".

Ver, p. ex:

http://infrarouge.tsr.ch/forum-97-banques-benefices-faramineux-scandaleux.html

25 de fevereiro de 2006 às 14:13  
Blogger pedro oliveira said...

Carlos,

Eu concordo consigo (e comigo), o Bernardo é que disse: "tenho o sistema de pagamento por multibanco, que lhe garanto que só me traz prejuizos" e ele lá saberá.
O meu ponto é outro, é o estarmos dispostos a pagar ou não por um serviço.
Enunciou muito bem a evolução dos meios de pagamento, os cartões de crédito nos Estados Unidos da América, por exemplo, identificam o seu utilizador, também, como cidadão.
Alguém que possui um cartão de crédito é credível, podemos acreditar nela, dar crédito na língua portuguesa é sinónimo de confiar.

25 de fevereiro de 2006 às 14:20  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Pedro Oliveira,

O artigo de Carlos Rosado de Carvalho (que li com atenção)também diz - e bem:

Está certíssimo pagar pelo que se recebe, evidentemente, pois um serviço gratuito tem tendência a ser mau.

Mas quem "recebeu" as primeiras vantagens foram os bancos.

Quanto a nós, pagamos a nossa parte em anuidades (eu pago "já não sei quanto" pelo cartão de débito e mais €60/ano pelo de crédito), que não regateamos, e que é suposto serem, exactamente, para pagar esse serviço.

25 de fevereiro de 2006 às 20:48  

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