20.2.05

Exportando Civilização

Legenda da fotografia:

«Foram divulgadas fotografias de alguns guardas de Abu Ghraib

que faziam um sinal de vitória sobre o cadáver de Manadel al-Jamadi»

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Em relação ao "post" anterior, um leitor começa por dizer: «O facto, a confirmar-se por observadores isentos (a Aljazeera não merece confiança), justifica o repúdio de qualquer cidadão educado do mundo ocidental»

Ora eu tive em conta o seguinte:

1 - A notícia do «PÚBLICO» (que adiante se transcreve na íntegra) é da Associated Press.

2 - As notícias da Al Jazeera (http://english.aljazeera.net/HomePage) costumam estar correctas (inclusivamente, acabam muitas vezes por ser dadas pelas outras empresas... mas MAIS TARDE ou, eventualmente, SEM DESTAQUE), e não omitem as barbaridades cometidas pelos fundamentalistas islâmicos.

3 - Hoje em dia, a "boa manipulação da informação" já não recorre a mentiras - simplesmente omite (ou remete para as "páginas interiores") o que não lhe interessa ou acha que não agradará aos leitores.

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Notícia completa:

Segundo documentos a que a Associated Press teve acessoPrisioneiro de Abu Ghraib morreu quando era interrogado pela CIA suspenso pelos pulsos

Um prisioneiro iraquiano cujos restos mortais foram fotografados na prisão de Abu Ghraib junto a soldados norte-americanos que sorriam e faziam gestos de vitória, morreu quando estava a ser interrogado pela CIA suspenso pelos pulsos, que estavam amarrados atrás das costas, segundo revelam documentos a que a Associated Press teve acesso.

O prisioneiro Manadel al-Jamadi morreu numa posição conhecida como a "forca palestiniana", segundo indicam os documentos em causa. Ainda não foi clarificado se essa posição, que os grupos de direitos humanos qualificam de tortura, foi aprovada pela Administração do Presidente George W. Bush para uso nos interrogatórios da CIA.

A agência de seviços secretos norte-americanos, que é supervisionada pelo Congresso dos EUA no âmbito das detenções e interrogatórios aos suspeitos de terrorismo, declinou fazer comentários sobre este caso, à semelhança do Departamento de Justiça.Al-Jamadi era um dos "prisioneiros secretos" da CIA em Abu Ghraib, cuja existência não era conhecida oficialmente.

A sua morte foi tornada pública em Novembro de 2003, quando foram divulgadas fotografias de alguns guardas de Abu Ghraib que faziam um sinal de vitória sobre o seu cadáver, conservado em gelo.

Um desses guardas era o cabo Charles Graner, que no mês passado foi condenado a dez anos de cadeia numa prisão militar.

O prisioneiro iraquiano morreu durante um interrogatório de meia hora, antes que os investigadores pudessem extrair qualquer confissão ou revelação, segundo declarações dos guardas da prisão.

O sargento norte-americano Jeffery Frost afirmou que os braços do prisioneiro estavam esticados atrás das suas costas de uma forma que nunca tinha visto antes, e que ficou surpreendido pelo facto de os seus braços não se terem deslocado das articulações.

O médico militar que examinou o cadáver e que declarou tratar-se de um homicídio, afirmou que o preso apresentava várias costelas fracturadas e que morreu devido a pressões no peito e dificuldades em respirar. Por seu lado, o médico civil Michael Baden afirmou que a posição em que estava suspenso al-Jamadi poderá ter constribuído para a sua morte.

Já o médico Vincent Iacopino, dirigente da associação Médicos pelos Direitos Humanos, disse que a extensão dos braços atrás das costas é um caso de "tortura clara".